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O Irã retomou as pesquisas com o combustível nuclear na terça-feira, provocando duras críticas do Ocidente, e a agência nuclear da ONU disse que o trabalho vai envolver o enriquecimento de urânio em pequena escala.

- Os centros de pesquisa nuclear do Irã reiniciaram suas atividades - disse Mohammad Saeedi, vice-chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, à TV estatal.

Ele negou, porém, que o país tenha a intenção de produzir combustível nuclear .

- Há uma diferença entre pesquisar e produzir combustível nuclear. A produção ainda está suspensa - afirmou Saeedi numa entrevista coletiva.

Os Estados Unidos disseram que qualquer tipo de enriquecimento de urânio pelo Irã seria um 'sério agravante'. Um porta-voz da Casa Branca disse que o Irã corre o risco de ser submetido ao Conselho de Segurança da ONU se continuar no caminho atual.

O secretário das Relações Exteriores britânico, Jack Straw, afirmou que o conflito com o Irã tem de ser resolvido por meios diplomáticos e não-militares.

- A ação militar não faz parte de nossa agenda, e não acredito na prática que esteja na agenda de ninguém - disse Straw ao Parlamento.

Mohamed ElBaradei, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, disse à diretoria do órgão que o Irã pretende realizar um enriquecimento limitado de urânio em sua usina de Natanz, onde os lacres foram rompidos diante dos olhos dos inspetores da ONU.

Em comunicado, a AIEA informou que, na pesquisa, as centrífugas seriam alimentadas com gás hexafluoreto de urânio. As centrífugas purificam o gás de urânio a níveis baixos para uso em usinas atômicas ou a níveis mais altos, para aplicação em armas nucleares. Diplomatas afirmaram que os ministros das Relações Exteriores de Grã-Bretanha, França e Alemanha pretendiam se reunir na quinta-feira em Berlim, junto com o chefe de política externa da UE, Javier Solana, para discutir o que fazer.

Diplomatas europeus já disseram que gostariam que houvesse uma reunião de emergência da AIEA para analisar a submissão do Irã ao Conselho de Segurança da ONU. Os EUA disseram que a medida parece inevitável.

- Se o regime no Irã continuar no caminho atual e não cumprir suas obrigações internacionais, não há outra escolha senão submeter a questão ao Conselho de Segurança - disse o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan.

A decisão também foi criticada pelo presidente da França, Jacques Chirac. Em uma mensagem de Ano Novo, Chirac afirmou que o Irã deve respeitar seus compromissos com relação a seu programa nuclear e que cometerá um sério erro se não cooperar com a comunidade internacional.

- Todo mundo reconhece que o Irã e a Coréia do Norte têm direito de usar a energia nuclear para fins pacíficos. Mas é imperativo que a comunidade internacional tenha a garantia de que os compromissos firmados para a segurança de todos serão respeitados - disse Chirac. - Esses países cometeriam um sério erro se não aceitassem a mão que estamos estendendo a eles.

A Rússia também fez um apelo para que o Irã se atenha a seu compromisso e disse estar preocupada com as decisões mais recentes de Teerã, disse o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, segundo informaram as agência de notícias russas.

- A última informação de que o Irã anunciou sua intenção, em um futuro próximo, de retomar o trabalho associado ao enriquecimento de urânio nos traz preocupação - disse Lavrov, em um encontro com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

O governo do Irã afirma que só quer produzir energia elétrica com seu programa nuclear.

Saeedi disse que a AIEA vai monitorar as instalações de pesquisa, incluindo Natanz, uma usina subterrânea no centro do Irã, que foi omitida dos inspetores da ONU por anos, até sua revelação por um grupo de dissidentes, em agosto de 2002.

A Rússia, que está ajudando o Irã a construir uma usina atômica em Bushehr, disse que Teerã deveria cumprir seus compromissos internacionais e que sua decisão de retomar as pesquisas épreocupante.

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