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Bagdá – O primeiro-ministro do Iraque, Nouri Al Maliki, ordenou ontem uma investigação sobre a condução da execução de Saddam Hussein. O governo quer descobrir quem, no grupo de testemunhas, insultou o ex-líder iraquiano nos últimos minutos de sua vida e depois vazou um vídeo da sua morte a partir de um telefone celular para uma emissora de tevê árabe e para um site na internet.

O vídeo continha o áudio de algumas pessoas insultando Saddam com cantos de "Muqtada" e do ex-líder respondendo que seus algozes não estavam sendo humanos. As imagens vieram à tona na tevê Al Jazira e na internet na noite de sábado, horas após o enforcamento de Saddam, condenado pelo massacre de 142 pessoas em Dujail, no Iraque, em 1982.

Os insultos dirigidos contra Saddam se referiam a Muqtada Al Sadr, clérigo radical xiita que é a principal figura de apoio de Al Maliki, líder xiita que pressionou pela rápida execução de Saddam, que seguia a corrente sunita do islamismo.

O vídeo era particularmente desrespeitoso não apenas pelas palavras de ordem contra Saddam, mas também por mostrar a morte em si – o momento em que o cadafalso se abre, deixando o ex-presidente pendurado, com o pescoço quebrado. A imagem oficial da execução, sem som, não mostrava o ex-líder morto.

O promotor Munkith Al Faroon diz não compreender como alguém conseguiu assistir à execução com um celular equipado com camêra. "Até meu aparelho, que não fotografa, foi confiscado pelos seguranças", conta. Al Faroon diz que ameçou ir embora se os gritos ofensivos a Saddam não parassem. Esse gesto teria interrompido a execucção, já que a presença de um observador do Ministério Público é obrigatória.

Mãos lavadas

Enquanto o mundo protesta contra a aplicação da pena de morte para Saddam, notadamente nas nações de maioria muçulmana, o presidente do Iraque, o curdo Jalal Talabani, procurou isentar-se de qualquer responsabilidade. Ontem Talabani disse que se "manteve à margem" do enforcamento. "Não interferi na decisão do Alto Tribunal Especial, que não admitia recurso", explicou em um comunicado.

O embaixador dos EUA, Zalmay Khalilzad, teria pedido que se esperasse duas semanas para executar Saddam, mas acabou cedendo diante da insistência de Al Maliki e da apresentação de uma autorização emitida por Talabani.

No muro

Em seu primeiro dia de trabalho, o novo secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Ban Ki Moon, deu uma declaração polêmica sobre o assunto. Ki Moon evitou responder com "sim" ou "não", à pergunta de um jornalista sobre a propriedade do enforcamento.

O secretário-geral lembrou que Saddam cometeu "crimes e atrocidades inomináveis". A ambigüidade da resposta quebrou a tradicional oposição da ONU à pena de morte.

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