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Bagdá – O governo iraquiano mostrou-se dividido, ontem, ao comentar o destino de dezenas de pessoas seqüestradas simultaneamente, num caso que demonstra o poder das milícias sectárias para desafiar as autoridades nas ruas de Bagdá. O primeiro-ministro Nuri Al Maliki, xiita, minimizou o episódio, ocorrido em plena luz do dia, na terça-feira, em um prédio público. Ele disse que a maioria dos reféns capturados pelos seqüestradores vestidos de policiais já foi libertada. Mas o ministro sunita responsável pelas universidades cujos funcionários foram capturados disse que ainda há até 80 desaparecidos, possivelmente em um reduto da milícia xiita, e que vai boicotar o governo até que o grupo seja localizado.

Sumiço

Várias famílias sunitas dizem não ter notícias de seus parentes e temem pelo pior. "Suspendi minha participação como ministro no governo até que essa gente que foi seqüestrada seja solta", disse o ministro da Educação Superior, Abed Theyab, que teve contrariada sua ordem de suspensão das atividades em universidades públicas. Segundo ele, 27 funcionários e várias pessoas que passavam pelo anexo do ministério já foram libertadas. "Entre 70 e 80 ainda estão retidas", acrescentou. Mas Ali Al Dabbagh, porta-voz do governo, disse que as 37 pessoas já libertadas representam quase todas as seqüestradas – só haveria, segundo essa versão, entre duas a cinco ainda desaparecidas.

Segundo Dabbagh, o Ministério da Educação Superior erra ao dizer que havia inicialmente cerca de cem reféns. Para o premier, Maliki, o seqüestro é o resultado de uma disputa entre vários grupos armados. Nos últimos tempos, ele vem defendendo a negociação em vez da força como forma de controlar os militantes xiitas. "O que aconteceu não foi terrorismo, se deve a uma disputa e um conflito entre milícias de um lado ou de outro", disse ele pela tevê. Mais tarde, Maliki prometeu punição aos responsáveis.

Vários policiais de alta patente foram intimados a depor depois da ação, devido a suspeitas de negligência ou mesmo de cumplicidade. Os líderes iraquianos e norte-americanos admitem que há na polícia uma forte infiltração das milícias xiitas que o governo promete combater.

O pai de um refém disse ter certeza de que só verá seu filho novamente "no necrotério". Mas as autoridades evitaram caracterizar a ação como um ataque da milícia xiita ou traçar comparações com outros seqüestros em massa, em que os reféns eram segregados segundo a seita que seguiam, o que significava a libertação ou a morte.

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