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Juanita Castro, que deixou Cuba em 1964: de simpatizante a inimiga do regime | Alan Diaz/AP-Agência Estado
Juanita Castro, que deixou Cuba em 1964: de simpatizante a inimiga do regime| Foto: Alan Diaz/AP-Agência Estado

Mensagem

Obama recorre à Espanha para dialogar com Cuba

Reuters

Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu à Espanha que entregasse uma mensagem a Cuba sobre a necessidade de reforma democrática quando se reuniu com o premier espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, no início deste mês. Seis dias depois do encontro dos dois líderes em 13 de outubro na Casa Branca, o ministro das Relações Exteriores espanhol, Miguel Angel Moratinos, visitou a ilha caribenha e se encontrou com o presidente cubano, Raúl Castro.

"Quando (Obama) soube que o chanceler Moratinos estava prestes a ir para Havana, ele sugeriu que Moratinos pedisse ao regime Castro que tomasse medidas para reformar e melhorar os direitos humanos", disse uma autoridade norte-americana no domingo, falando sob condição de anonimato.

Washington e Havana mantêm relações hostis desde a Revolução de 1959 de Fidel Castro, que levou Cuba em direção ao comunismo. Obama prometeu um "novo começo" nas relações com Cuba como parte de uma nova era de parceria e engajamento dos EUA com a América Latina e o Caribe.

Miami - Juanita Castro, irmã de Fidel e Raúl Castro, revelou ter trabalhado para a Agência Central de Inte­­ligência dos Estados Unidos (CIA) depois de ter sido recrutada pela esposa do então embaixador brasileiro em Havana. A revelação foi feita em entrevista transmitida no domingo pela emissora Univisión.

Hoje com 76 anos, Juanita apoiou inicialmente Fidel quando o grupo dele derrubou o ditador Fulgencio Batista. Rapida­men­­te, porém, desiludiu-se pelo grande número de execuções e outros abusos da revolução, disse ela durante entrevista ao canal hispânico de Miami.

A casa dela converteu-se em um refúgio para anticomunistas, antes que a própria Juanita decidisse deixar o país, em 1964, quan­­do se exilou no México.

Juanita afirma que foi recrutada para trabalhar pela CIA por Vir­­ginia Leitão da Cunha, mulher do então embaixador do Brasil em Havana, Vasco Leitão da Cunha, que posteriormente foi ministro das Relações Exteriores, entre 1964 e 1966.

Juanita Castro disse que colaborou com a CIA enquanto estava em Cuba e também depois de sua partida. Posteriormente, ela se exi­­lou em Miami e abriu uma farmácia.

Ontem, Juanita lançou suas memórias, "Fidel e Raúl, meus irmãos. A história secreta", pela editora Santillana. O livro foi escrito pela jornalista María Antonieta Collins, a partir de uma entrevista.

Juanita disse que o primeiro contato da CIA ocorreu pouco após a fracassada invasão da Baía dos Porcos, quando ela viajou pa­­ra o México para se reunir com o funcionário encarregado de seu recrutamento, em 21 de junho de 1961. Ela contou em detalhes que Leitão da Cunha e sua mulher ha­­viam abrigado muitos revolucioná­­rios durante a ditadura de Ba­­tis­­ta, e simpatizaram inicialmente com o governo Fidel, mas posteriormente ficaram decepcionados.

Segundo a irmã de Fidel, ela e Virgínia viajaram separadamente para o México para se encontrar com Tony Sforza, um dos especialistas da CIA em Cuba. Juanita via­­jou com o pretexto de visitar uma irmã, a quem nunca mencionou o assunto.

Sforza trabalhava infiltrado em Cuba, passando-se por jogador de cassino com o nome falso de Frank Stevens. Juanita recebeu o nome de "agente Donna" e teve como primeira missão entregar dinheiro a homens da CIA na ilha.

A CIA se comunicava com ela por mensagens cifradas em um rádio de ondas curtas. Antes da crise dos mísseis, Juanita passou informações à CIA de que foguetes soviéticos eram instalados em Cuba, e também sobre visitas dos russos à ilha.

A agência decidiu afastá-la de Cuba depois que Raúl foi dizer à irmã que havia acusações contra ela por supostas atividades contrarrevolucionárias. Aparente­­men­­te, não haviam descoberto sua ligação com a CIA. Juanita afir­­ma que foi Raúl quem lhe conseguiu um visto para viajar ao México. Chegando ao país, ela es­­creveu um texto rompendo com a revolução.

"Comecei a me desencantar com o regime quando vi tanta injustiça", afirmou Juanita na entrevista, referindo-se às prisões, aos fuzilamentos e aos confiscos do governo revolucionário.

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