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Garoto com a bandeira do Egito participa de manifestação pedindo a libertação do presidente deposto do país, Mohammed Mursi | REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
Garoto com a bandeira do Egito participa de manifestação pedindo a libertação do presidente deposto do país, Mohammed Mursi| Foto: REUTERS/Amr Abdallah Dalsh

Os islamitas egípcios voltaram a se manifestar nesta sexta-feira (12) no Cairo de forma massiva, em sua tentativa de condenar o recente golpe militar e conseguir a restituição do presidente deposto, Mohammed Mursi.

Os simpatizantes de Mursi continuaram protestando na praça Rabea al Adauiya, feudo islamita do leste da capital egípcia e palco de conflitos constantes nas últimas duas semanas.

O que começou como uma forma popular de defender a legitimidade de Mursi, eleito nos pleitos de junho de 2012, frente aos protestos que pediam sua renúncia, se transformou em uma tentativa, por enquanto fracassada, para que o islamita volte ao poder.

Cartazes contra o golpe de Estado de 3 de julho e fotografias do líder deposto, retido desde então em um local desconhecido, encheram a praça e seus arredores, aonde os manifestantes chegaram das mais distintas zonas do país.

Precisamente nesta sexta-feira, tanto os Estados Unidos quanto a Alemanha pediram a libertação de Mursi.

"Não ficaremos tranquilos até levarmos Mursi de volta ao palácio presidencial", disse à Agência Efe a manifestante Nagla, decidida a permanecer "com muita paciência até o final", após oito dias de acampamento.

A maioria dos presentes permaneceu nas tendas da campanha e nas khaimas enquanto cumpria o jejum do Ramadã, mês no qual os muçulmanos lembram as primeiras revelações divinas do Corão, recebidas pelo profeta Maomé.

Não podendo tomar líquidos e qualquer outros alimentos desde o nascer até o pôr do sol, os manifestantes taparam a cabeça com bonés e panos úmidos. Outros preferiram seguir os discursos políticos perto do palco principal, junto à mesquita.

Em suas imediações também se encontravam alguns dirigentes da Irmandade Muçulmana, como o clérigo islamita Safwat Higazi, que tem uma ordem de detenção da procuradoria por supostamente ter incitado à violência, que na segunda-feira passada causou 51 mortes em frente à sede da Guarda Republicana.

"Todas essas acusações são falsas e carecem de provas", disse Higazi à Efe, confiante que as forças da ordem não irão à praça para detê-lo.

O clérigo insistiu que qualquer diálogo passa pelo retorno de Mursi ao poder, que nesse caso "poderia realizar eleições presidenciais antecipadas se assim quiser ou convocar um plebiscito para que o povo decida sobre elas".

O membro do partido Liberdade e Justiça, Mohammed el Beltagui, se mostrou igualmente disposto, em entrevista à Efe, a admitir uma antecipação eleitoral.

Como condições, colocou "a volta do presidente eleito da Shura (câmara alta do Parlamento) e da Constituição", atualmente suspensa.

O responsável, também procurado pela Justiça, denunciou que os islamitas estão sendo objeto de detenções, ordens de detenção e assassinatos, se referindo aos conflitos com Guarda Republicana.

Beltagui condenou os últimos ataques contra as Forças Armadas no Sinai, como os que hoje causaram a morte de um policial, enquanto os considerou uma "consequência do golpe de Estado".

Por outro lado, uma multidão se concentrou na praça de Tahrir para romper o jejum com a comida do "iftar", em um ato convocado pelo movimento Tamarrud e a Frente de Salvação Nacional, contrários a Mursi.

A frente, principal aliança não-islamita do país e defensora da intervenção militar, pediu hoje a "recuperação dos objetivos da revolução do 25 de janeiro de 2011" que tirou do poder Hosni Mubarak e que incluem os desejos de liberdade e justiça social

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