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O gabinete de segurança de Israel deu sinal verde, no início desta terça-feira (horário local), para a ampliação das ofensivas terrestres contra a guerrilha do Hezbollah no sul do Líbano. Pelo menos mais três divisões militares - cerca de 15 mil homens - devem ser convocadas para dar apoio a nova ação na região. Na semana passada, outros 15 mil soldados da reserva foram recrutados para lutar no Líbano.

- O gabinete de segurança aprovou uma ampliação das operações por terra sem nenhuma objeção - disse uma autoridade governamental, na condição de anonimato.

O anúncio corrobora as declarações feitas por Ehud Olmert no fim da tarde desta segunda-feira. O premier israelense rejeitou a crescente pressão internacional para acabar a guerra contra o Hezbollah e descartou a possibilidade de um cessar-fogo nos próximos dias.

- O combate continua. Não há cessar-fogo e não haverá cessar-fogo nos próximos dias - afirmou a autoridades israelenses, arrancando fortes aplausos.

O Exército pretende levar os soldados israelenses para dentro do território libanês. O objetivo é ultrapassar o Rio Litani, 30 quilômetros dentro do território libanês, e criar as condições para o estabelecimento de uma região que poderia ser ocupada por uma força internacional.

As forças terrestres têm enfrentado uma dura oposição dos combatentes do Hezbollah em suas incursões no sul do Líbano. Até o momento, os ataques aéreos têm sido a forma mais eficiente encontrada por Israel para tentar afastar o Hezbollah da fronteira e pôr fim aos ataques com foguetes.

Desde o início do conflito, no dia 12 de julho, pelo menos 598 pessoas morreram no Líbano, embora o Ministério da Saúde eleve a cifra a 750, já contabilizando os corpos que permanecem soterrados sob os escombros. Do lado israelense, houve 51 mortes, a maioria de militares.

Nesta segunda-feira, aviões bombarderam posições do Hezbollah na localidade de Taibe. O Hezbollah disparou dois mísseis contra a cidade israelense de Kiryat Shmona, na fronteira, mas não houve feridos. É o primeiro ataque do Hezbollah desde a noite de domingo.

Para deixar a situação mais tensa no Oriente Médio, a reunião marcada para esta segunda-feira e convocada pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan , para discutir o conflito e propostas de cessar-fogo, foi adiada indefinidamente. O Conselho de Segurança quer garantias para ampliar ajuda no Líbano, segundo um diplomata. A pressão internacional , porém, é crescente.

O tom otimista do dia foi dado pela secretário de Estado americana, Condoleezza Rice, que afirmou que um acordo para cessar-fogo sólido poderia ser alcançado ainda esta semana. Horas depois, em discurso no porto de Miami, o presidente George W. Bush disse que apesar de o governo americano estar trabalhando duro para concretizar esse anseio, não considera a possibilidade de um cessar-fogo imediato. Bush também deixou claro que não pretende enviar tropas dos EUA para uma eventual força internacional de estabilização na fronteira entre Israel e Líbano. Apesar disso, os militares americanos podem dar apoio logístico à força.

O chanceler do Irã, Manouchehr Mottaki, cujo país é o principal patrocinador do Hezbollah, se reuniu em Beirute com seu homólogo francês, Philippe Douste-Blazy, para discutir a crise. A Síria, que também apóia a guerrilha xiita libanesa, colocou seus militares de prontidão e prometeu não abandonar o apoio à resistência libanesa contra Israel.

Muitos civis fugiram, nesta segunda-feira, de aldeias no sul do Líbano depois que Israel disse ter aceitado uma suspensão parcial dos bombardeios durante 48 horas. Comboios humanitários chegaram à área para entregar mantimentos. Equipes de resgate encontraram 49 corpos presos há vários dias em prédios ou carros atacados, segundo fontes médicas.

Sem trégua

Além do anúncio da suspensão parcial dos bombardeios durante 48 horas, Israel disse estar dando 24 horas para permitir que agentes humanitários cheguem às áreas mais atingidas e para que os moradores fujam.

Mas os jatos israelenses bombardearam alvos no sul do Líbano, e a ONU disse que o acesso não melhorou.

- Sejamos claros a respeito disso: não temos um cesse das hostilidades e não temos um cesse dos bombardeios aéreos - disse Khaled Mansour, porta-voz da ONU no país.

Jan Egeland, coordenador de emergências da ONU, disse que Israel não forneceu informações sobre a abrangência e o momento de qualquer pausa nos ataques.

A artilharia israelense atingiu mais duas aldeias. Um bombardeio aéreo contra um veículo militar libanês matou um soldado e feriu três.

No principal posto de fronteira entre Síria e Líbano, aviões teleguiados de Israel atingiram dois caminhões, segundo fontes de segurança. Um terceiro veículo teria sido destruído por um avião comum. Quatro agentes alfandegários libaneses e três motoristas ficaram feridos.

Após o massacre de Qana, no qual mais de 50 pessoas morreram, a maioria crianças, o Líbano cancelou as negociações que pretendia manter com Rice, pedindo a ela que antes de mais nada garanta um cessar-fogo incondicional.

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