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Policiais fazem frente a manifestantes palestinos durante protesto contra reabertura dos diálogos de paz com Israel | Mohamad Torokman/Reuters
Policiais fazem frente a manifestantes palestinos durante protesto contra reabertura dos diálogos de paz com Israel| Foto: Mohamad Torokman/Reuters

104 prisioneiros serão libertados por Israel, num processo de várias etapas. Familiares de vítimas que morreram em ações dos prisioneiros poderão apelar contra a soltura.

Reação

"Fazer chantagem com esse assunto é um problema", diz ministro

O ministro interino da Defesa de Israel, Danny Danon, condenou a libertação dos prisioneiros palestinos, aprovada pelo governo israelense. "É um erro político, um erro ético", disse. "A mensagem que estamos enviando aos terroristas é a de que um dia os libertaremos como heróis".

Zeev Elkin, ministro interino das Relações Exteriores, disse que Israel tem interesse em negociar a paz, mas não devia capitular as exigências palestinas. "Os palestinos precisam ter tanto interesse quanto nós nessas tratativas, e por isso fazer chantagem com esse assunto é um grande problema", disse.

Mais cedo, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou um projeto de lei que submete a referendo qualquer possível acordo de paz com os palestinos. "Qualquer acordo a que se possa chegar em negociações será submetido a referendo", diz comunicado do gabinete de Netanyahu. "É importante que, para tais decisões históricas, cada cidadão vote diretamente sobre um tema que decidirá o futuro do país." A decisão causou especulações conflitantes em Israel. Alguns dizem que, com as decisões, Netanyahu quer silenciar ultranacionalistas de seu partido, o Likud. Outros pensam que ele quer criar obstáculos a qualquer acordo.

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O governo israelense aprovou, em decisão histórica, a libertação de 104 prisioneiros palestinos detidos desde antes da implementação dos Acordos de Oslo, de 1993. A medida foi votada pelo gabinete de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, e venceu por 13 votos positivos, sete negativos e duas abstenções.

A soltura dos chamados "anciões do Fatah", detidos há mais de 20 anos em prisões israelenses, é uma importante demanda da liderança palestina e, assim, serve de gesto de boa-vontade diante do prospecto da renovação das negociações de paz.

É esperado que Tzipi Livni (ministra da Justiça de Israel) e Saeb Erekat (negociador-chefe palestino) se reúnam hoje em Washington para, com intermediação dos EUA, iniciar as conversas entre ambas as partes – interrompidas desde 2010.

De acordo com o jornal israelense Haaretz, Netanyahu telefonou na sexta-feira aos ministros que se posicionavam contra a medida de soltura. Ele teria insistido que não há alternativa a não ser ceder nesse ponto.

Estima-se que haja mais de 4,7 mil palestinos detidos em Israel, ao menos 169 deles em regime de detenção administrativa – o que significa que podem ser mantidos presos sem acusação formal por período indeterminado.

Haverá, além dos prisioneiros, outros temas controversos caso as negociações realmente sejam levadas adiante, principalmente a questão das fronteiras de um futuro Estado palestino. Israel reluta em reconhecer o território anterior à Guerra dos Seis Dias, de 1967, demanda-chave da liderança palestina.

A libertação dos prisioneiros será realizada em quatro etapas, a começar nas próximas semanas. A última parte do processo ocorrerá após nove meses, data prevista para a conclusão da tentativa de negociação de paz.

O grupo de prisioneiros a serem libertados inclui árabes-israelenses, que serão os últimos a sair. Houve resistência nesse ponto, já que o governo israelense insistia em não poder abranger cidadãos israelenses em suas negociações com os palestinos.

Os 104 detentos incluem, também, nomes de forte apelo ao público, incluindo Muhammad Tus, responsável pelo assassinato de cinco israelenses. Haverá um período para que familiares apelem ao governo contra a soltura.

"Nós nos perguntamos se os israelenses não vão hesitar depois do protesto das famílias das vítimas", diz um funcionário ligado ao Ministério de Prisioneiros da Autoridade Nacional Palestina.

Para essa fonte, que prefere não divulgar o nome, "a decisão israelense, se implementada, envia uma mensagem positiva aos palestinos de que as negociações podem ter resultados".

Ao contrário, diz, dos mais de mil prisioneiros libertados em 2011 após acordo entre a facção militante palestina Hamas e o governo israelense, em troca do soldado sequestrado Gilad Shalit.

"Os prisioneiros não serão soltos devido a um sequestro, mas a um acordo entre duas partes".

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