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Tanque do exército israelense é carregado em um caminhão nas colinas de Golan, em 20 de janeiro de 2019 | JALAA MAREY/AFP
Tanque do exército israelense é carregado em um caminhão nas colinas de Golan, em 20 de janeiro de 2019| Foto: JALAA MAREY/AFP

Alegando proteger seu território, as Forças de Defesa de Israel (IDF) lançaram um ataque massivo contra posições iranianas na Síria no começo desta segunda-feira (21), atingindo alvos como um campo de treinamento, unidades de inteligência e depósitos de munições nas proximidades da capital síria Damasco. 

O Centro de Gerenciamento de Defesa Nacional da Rússia, que também atua na região e é a principal força aliada do ditador sírio Bashar al-Assad, informou que quatro militares sírios foram mortos e seis ficaram feridos no ataque. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, um grupo com sede no Reino Unido que monitora o conflito sírio, destacou que os ataques, que duraram quase uma hora e foram os mais intensos da aviação israelense desde maio, causaram 11 mortes.

“A IDF está atacando alvos da Força Quds em território sírio", comunicaram as Forças de Defesa de Israel, referindo-se ao braço de elite da Guarda Revolucionária do Irã. "A IDF adverte as Forças Armadas da Síria contra a tentativa de prejudicar o território ou as forças israelenses". 

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Segundo Israel, no domingo (20) as Forças Quds lançaram um míssil a partir da Síria contra as colinas de Golan, território anexado por Israel após a guerra dos Seis Dias em 1967. O Sistema de Defesa Aérea Iron Dome teria interceptado o míssil.

Esquiadores no Monte Hermon, nas colinas de Golan ocupadas por Israel, captaram imagens do Iron Dome interceptando o míssil no início do dia. 

"Ao disparar em direção ao território de Israel ontem, o Irã mais uma vez ofereceu uma prova definitiva de suas reais intenções de seu fortalecimento na Síria", afirmou o Exército israelense. 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, admitiu no começo do mês que Israel atingiu "centenas" de alvos na Síria. O país vê com preocupação a presença de forças ligadas ao Irã na Síria, que se uniram para apoiar Assad na guerra civil do país.

A IDF também informou que, durante o ataque desta segunda-feira, dezenas de mísseis sírios foram lançados “apesar de avisos claros para evitar esse tipo de ataque”. Em resposta, o exército israelense também atacou várias baterias de defesa aérea das Forças Armadas da Síria.

Segundo a agência de notícias estatal da Síria (Sana), o sistema de defesa sírio interceptou a maioria dos mísseis israelenses. Centro de Gerenciamento de Defesa Nacional russo afirma que foram interceptados mais de 30 mísseis e bombas entre as 2h11 e 2h56 de segunda-feira (horário local, por volta das 22h de domingo em Brasília).

O conflito entre Israel e Irã em território sírio se intensificou em maio de 2018, quando, pela primeira vez na história, as forças iranianas lançaram o primeiro ataque direto contra Israel. A IDF revidou, atingido dezenas de alvos iranianos em território sírio.

Qual é a origem da rivalidade entre Irã e Israel? 

São basicamente três questões que explicam a rivalidade entre os dois países: as relações com os Estados Unidos, a religião e a geopolítica regional. 

Israel é um tradicional aliado dos EUA desde a sua criação, em 1948. O Irã, entre o final da segunda guerra mundial e a revolução iraniana de 1979, também era — inclusive foram os americanos que apoiaram o programa nuclear do Irã durante os anos 1950 para fins pacíficos. Entretanto as relações entre Irã e EUA mudaram com a revolução iraniana, que teve um caráter anti-americano e instaurou no país um governo teocrático. A partir daí, os Estados Unidos começaram a ser vistos pelo Irã como rivais. Israel também entrou na lista dos inimigos do país. 

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A religião também tem um grande peso nessa rivalidade. Desde que foi criado, Israel, um estado judaico, é visto como um outsider em uma região dominada pelos muçulmanos. Os países de maioria muçulmana não aceitaram a criação de Israel, dando origem à Guerra dos Seis Dias — um conflito entre Israel e Síria, Egito, Jordânia e Iraque — em 1967. Israel saiu vencedor, com o apoio dos EUA. De uma certa maneira, os muçulmanos se sentem ofendidos com a presença de Israel. 

Por fim, a disputa pelo poder na região também antagoniza os dois países. Atualmente Israel e Irã são considerados os grandes players da região. Israel é muito poderoso, dono de um aparato militar moderno, e o Irã está fazendo investimentos pesados em segurança, além de possuir um numeroso exército. Outro agravante é o vínculo do governo iraniano com os xiitas do grupo terrorista Hezbollah, que ocupa regiões ao sul do Líbano e que não reconhece a existência de Israel.

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