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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse na quarta-feira que o bloqueio da Faixa de Gaza é vital para a segurança do seu país e continuará em vigor, apesar da ampla condenação internacional provocada pelo ataque a uma frota que tentava chegar ao encrave palestino.

Em discurso pela TV, Netanyahu, em tom desafiador, declarou que Israel não pode abrir mão do controle sobre os acessos por terra, mar e ar à Faixa de Gaza, sob pena de permitir que o grupo islâmico Hamas, que governa aquela área, tenha acesso a mísseis iranianos.

Isso, segundo ele, seria uma ameaça não só para Israel, mas também para a Europa.

Nove ativistas morreram na abordagem israelense à frota que tentava furar o bloqueio e levar mantimentos à Faixa de Gaza. A maioria dos barcos e ativistas envolvidos era da Turquia, tradicionalmente o principal aliado islâmico de Israel.

O governo turco acusou Israel de cometer "terrorismo de Estado", retirou seu embaixador de Tel Aviv e exigiu a suspensão do bloqueio.

Esses apelos foram ecoados por líderes europeus e pela ONU, cuja Comissão de Direitos Humanos aprovou a criação de uma comissão internacional para investigar o incidente.

Os Estados Unidos, principais aliados de Israel no mundo, foram menos inflamados e pediram calma. As potências ocidentais concordam com Israel quanto à ameaça representada pelo Hamas, mas dizem que o embargo não deve ser uma punição coletiva aos 1,5 milhão de habitantes da Faixa de Gaza.

Em Israel também há pedidos de investigação, mas focando na desastrada abordagem militar ao navio Mavi Marmara. Netanyahu não fez menção de promover tal investigação.

O primeiro-ministro reiterou a tese israelense de que seus soldados agiram em defesa própria contra ativistas armados com canos e facas, e criticou aqueles que condenaram a ação militar.

"Mais uma vez, Israel enfrenta a hipocrisia e um julgamento apressado e tendencioso", disse Netanyahu.

"A comunidade internacional não pode tolerar um porto iraniano no Mediterrâneo (...). Os mesmos países que estão nos criticando hoje deveriam saber que podem virar alvo amanhã."

O chanceler britânico, William Hague, disse ao Parlamento que os líderes em Londres e Washington estão discutindo o que fazer para aliviar as dificuldades causadas pelo bloqueio à população de Gaza, situação que ele qualificou de "inaceitável e insustentável".

Israel pretende concluir até quarta-feira a deportação de quase todos os 682 ativistas detidos nas seis embarcações, cidadãos de mais de 35 países. Só ficarão no país nove feridos.

A cineasta brasileira Iara Lee, que estava no comboio que se dirigia a Gaza, deixou Tel Aviv com destino a Istambul, informou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.

Os relatos de alguns dos ativistas liberados contrariam a versão israelense de que todos os baleados estariam agredindo os soldados que desciam de helicóptero no convés do Mavi Marmara.

O parlamentar islâmico marroquino Abdelkader Amara declarou: "Jamais esquecerei um companheiro turco. Eu havia acabado de deixá-lo para descer, e achei que ele me seguiria, e aí quando vi haviam atirado no peito dele e ele morreu".

Israel diz que não foi capaz de identificar todos os nove mortos, mas diz que a maioria eram turcos.

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