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Doutores palestinos carregam duas crianças mortas no hospital Shifa, em Gaza | Suhaib Salem / Reuters
Doutores palestinos carregam duas crianças mortas no hospital Shifa, em Gaza| Foto: Suhaib Salem / Reuters

Veja detalhes do décimo dia da ofensiva israelense sobre Gaza

Forças israelenses atacaram casas, mesquitas e túneis na Faixa de Gaza nesta segunda-feira (5), por terra, mar e ar, consolidando o controle sobre algumas regiões do território palestino. Foram mortas pelo menos 14 crianças e seis outros civis, no décimo dia de ofensiva contra os militantes palestinos na área. As informações partiram do chefe dos serviços de emergências do território palestino, o doutor Muawiya Hassanein. Segundo ele, desde que expirou a trégua entre Israel e o grupo Hamas, em 27 de dezembro do ano passado, foram mortos 555 palestinos na Faixa de Gaza, dos quais pelo menos 200 eram civis.

O Exército de Israel disse nesta segunda-feira que "dezenas" de militantes do Hamas foram mortos ou feridos, mas o Hamas não divulgou estimativas de baixas. Tropas israelenses ocuparam três prédios, de seis andares cada, nas vizinhanças da Cidade de Gaza, e tomaram posição nos telhados dos edifícios.

Os militantes do Hamas continuaram a disparar foguetes contra Israel nesta segunda-feira. Segundo militares israelenses, foram disparados mais de 20 projéteis.

O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse que a ofensiva continuaria até Israel alcançar seu objetivo de "paz e tranquilidade" para os moradores do sul de Israel, atacados por foguetes e morteiros lançados pelos militantes palestinos. Os ataques de morteiros, a partir de 27 de dezembro, mataram quatro israelenses e mais um soldado de Israel morreu ontem na invasão terrestre a Gaza. Durante a trégua que vigorou entre junho e dezembro do ano passado, nenhum israelense foi morto pelos disparos de foguetes do Hamas, segundo dados compilados pelo jornal Irish Times. Pelo menos seis palestinos foram mortos em 4 e 5 de novembro por soldados israelenses na fronteira da Faixa de Gaza, segundo o grupo humanitário israelense B'tselem.

Muitos diplomatas e líderes mundiais seguiram para a região, a fim de trabalhar pelo fim da violência, em encontros com líderes israelenses. Aumenta o descontentamento internacional, no momento em que surgem cada vez mais vítimas palestinas. Funcionários do setor de saúde de Gaza indicam que 2,7 mil pessoas ficaram feridas desde o início da ofensiva israelense. Entre os mortos há pelo menos 200 civis.

Forças israelenses tomaram áreas pouco povoadas no norte de Gaza no domingo e na manhã desta segunda-feira estavam às margens de Cidade de Gaza. Caso decidam penetrar por áreas mais urbanas deve aumentar o número de vítimas, por causa de atiradores de elite, pelas armadilhas preparadas, pela população civil e também por causa dos solidários aos 20 mil combatentes do grupo militante islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

Quatro crianças foram mortas por um ataque com míssil em uma residência no leste da Cidade de Gaza. Três outras morreram por um ataque vindo de um navio, na mesma cidade, e três civis adultos morreram atingidos por um míssil em Beit Lahiya. Três outros adultos morreram em outros ataques pela região.

"O Exército (de Israel) está lá, atirando em todas as direções", afirmou Mohammed Salmai, um motorista de caminhão de 29 anos, ao falar sobre as proximidades de Cidade de Gaza. O número de civis aumentou muito desde que Israel lançou também uma ofensiva por terra, após realizar ataques aéreos por uma semana.

As ruas da cidade de Gaza, onde vivem 400 mil pessoas, estavam quase vazias nesta segunda-feira. Duas crianças caminhavam por uma rua olhando para o alto, aparentemente com medo dos ataques aéreos. Havia apenas carros do corpo de bombeiros, ambulâncias e veículos da imprensa pela cidade.

Israel tem três exigências principais para encerrar a operação: o fim dos ataques com foguetes lançados pelos militantes palestinos, a supervisão internacional de qualquer cessar-fogo e o fim do rearmamento do Hamas.

"Se nos retirarmos hoje, sem alcançar algum tipo de acordo abrangente, não teremos feito nada", afirmou o ministro de Infraestrutura, Binyamin Ben-Eliezer, à rádio do Exército.

Já o Hamas exige o fim dos ataques de Israel e a abertura das passagens entre Gaza e Israel, vitais para os palestinos da região. Na empobrecida Faixa de Gaza vivem 1,4 milhão de pessoas. Os militares israelenses informaram nesta segunda-feira que seria liberada a entrada de 80 caminhões com ajuda humanitária e de combustível.

Acordo de paz

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, deverá se encontrar mais tarde nesta segunda-feira com o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert. Sarkozy teve uma reunião com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, cujo grupo Fatah perdeu o controle de Gaza para o Hamas em junho de 2007.

Uma delegação da União Europeia deve se reunir com a ministra de Relações Exteriores israelense, Tzipi Livni. A França, a Turquia e o Egito condenaram a ofensiva por terra. A chanceler alemã, Angela Merkel, telefonou domingo para Olmert, pedindo um cessar-fogo de dois dias.

Ameaças

O cérebro por trás da tomada de Gaza em 2007, o alto membro do Hamas Mahmoud Zahar, disse nesta segunda-feira em discurso televisionado que os palestinos devem "esmagar" as forças israelenses. "Os sionistas legitimaram a morte de suas crianças ao matarem as nossas. Eles legitimaram a morte de seu povo ao matar nosso povo", defendeu Zahar, falando na rede Al-Aqsa, do Hamas.

Cinco israelenses foram mortos desde o início da ofensiva, entre eles um soldado, durante a operação por terra. Três civis e outro soldado morreram atingidos por foguetes. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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