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Israel endureceu sua ação contra extremistas judeus, lançando incursões nas colônias e colocando líderes do ativismo antipalestino em detenção administrativa, após a morte de um bebê e de seu pai no incêndio criminoso na Cisjordânia.

Neste domingo (9), as autoridades recorreram à medida excepcional de detenção administrativa contra dois jovens extremistas judeus.

Agora já são três extremistas judeus submetidos a esse regime. A prisão administrativa autoriza a detenção de pessoas sem que as acusações fiquem claras para os detentos, seus familiares e advogados, por um período renovável de seis meses. Aplicada contra centenas de palestinos, a medida não costuma ser usada contra israelenses.

Entre os prisioneiros está Meir Ettinger, personalidade do extremismo judeu e do movimento dos “jovens das colônias”, que se estabelece em colônias selvagens, assentamentos ilegais aos olhos dos comunidade internacional, mas também da lei israelense.

Criticado por parte da oposição e pela comunidade internacional, que o acusa de deixar impunes os autores de ataques contra palestinos, o governo de Benjamin Netanyahu tem tentado demonstrar firmeza e realizado detenções.

Primeiras incursões nas colônias

Neste domingo (9), a polícia também mobilizou sua unidade especial que opera nos territórios ocupados e que foi encarregada da luta contra crimes racistas.

Pela primeira vez desde o incêndio, em 30 de julho, da casa da família Dawabcheh, na aldeia de Douma, cercada por assentamentos no norte da Cisjordânia, a unidade realizou incursões em vários dessas colônias.

Os agentes “prenderam vários suspeitos como parte da investigação sobre os acontecimentos de Douma”, indicou a polícia, sem fornecer um número exato de detenções.

Nas prisões anteriores, as autoridades não disseram se os suspeitos estavam diretamente envolvidos no incêndio de Douma, limitando-se a dizer que estavam envolvidos em “ataques terroristas”, um adjetivo raramente usado por Israel nos casos de ataques contra palestinos.

As prisões ocorrem um dia após a morte de Saad Dawabsh, o pai do bebê Ali, de 18 meses, cuja morte no incêndio de sua casa coberta com pichações proclamando em hebraico “Vingança” e “preço a pagar”, a assinatura dos colonos e extremistas judeus, causou grande comoção entre os palestinos, israelenses e no exterior.

Há vários anos, sob o nome de “preço a pagar”, extremistas judeus agridem rotineiramente palestinos, árabes israelenses e até mesmo soldados israelenses, em retaliação à destruição de postos avançados e às decisões que considerem contrárias aos seus interesses: a colonização e a destruição de locais de culto de cristãos e muçulmanos.

“Não dormimos mais”

Com o corpo quase inteiramente queimado, Saad Dawabsh, de 32 anos, morreu de seus ferimentos no sábado, enquanto sua esposa Riham, de 26 anos, e seu outro filho Ahmed, de 4, permanecem hospitalizados. A jovem segue em estado crítico, enquanto a criança iniciou seu longo processo de recuperação.

Todos os palestinos acompanham de perto o caso, e a morte de Saad Dawabcheh relançou as já elevadas tensões na Cisjordânia ocupada, onde um ataque contra o exército israelense deixou três feridos na quinta-feira.

Enquanto milhares de palestinos compareceram ao funeral no sábado, o Hamas islamita, no poder em Gaza, disse que, após essas mortes, a “resistência” havia se tornado “um direito”, mas também “um dever” nas colônias da Cisjordânia, o maior obstáculo para a paz para a comunidade internacional e que está ganhando terreno a cada dia.

A Autoridade Palestina decidiu levar o caso de Douma ao Tribunal Penal Internacional (TPI). Ela também anunciou a criação de “comitês populares” para proteger localidades palestinas, uma vez que, como informou à AFP um residente de Douma, Mohammed Dawabcheh, “as pessoas já dormem mais, apavoradas com o pensamento de que um colono possa vir e atacar a qualquer momento”.

Neste contexto, as igrejas católicas depositaram uma queixa contra um judeu extremitas que pediu que colocassem fogo nas igrejas.

A Assembleia das Igrejas Católicas na Terra Santa apresentou a queixa contra Bentzi Gopstein, líder do movimento extremista judeu Lehava, após incitar ao incêndio de igrejas em Israel.

Ataques e prisões

No dia anterior ao ataque à casa do bebê palestino, um outro judeu radical esfaqueou seis pessoas na Parada Gay de Jerusalém, provocando a morte de uma adolescente judia.

Na noite do dia 3, as autoridades do país haviam prendido Meir Ettinger, suposto líder de um grupo extremista judeu responsável por ataques a casas de palestinos e a templos cristãos. No dia 5 um extremista judeu foi preso por seis meses sem acusações e julgamento, como resposta à pressão sobre o governo após os ataques de judeus radicais.

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