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A menos de três semanas da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Israel e aos territórios palestinos, nos dias 14 e 15, o Brasil recebeu uma mensagem direta para que não interfira nas negociações de paz e se una à comunidade internacional em favor de novas sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o Irã. A mensagem foi transmitida pelo vice-diretor da chancelaria israelense, embaixador Rafael Barak, ao Itamaraty e ao Palácio do Planalto na segunda-feira.

O apelo de Israel busca "impedir que o ativismo do governo Lula no Oriente Médio venha a contribuir para o acirramento da turbulência" na região.

Outras advertências, que serão feitas nos próximos dias, terão menos elementos retóricos e uma carga de maior de responsabilização.

A primeira, dos Estados Unidos, será apresentada em Brasília no dia 3 pela secretária americana de Estado, Hillary Clinton. Uma segunda advertência deve partir do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, nas próximas semanas.

Em entrevista à imprensa, o embaixador Barak enfatizou nesta terça-feira que o governo israelense quer negociar um processo de paz com os palestinos sem intermediários - no máximo, com o tradicional mediador, os EUA. Assim como a Autoridade Palestina, Israel também dispensou a proposta do presidente Lula de interceder junto ao Hamas para trazer o grupo palestino para a negociação.

Com o cuidado de enfatizar que o presidente Lula e seu governo podem contribuir com um clima mais favorável às negociações de paz, as mensagens de veto a uma atuação mais intrusiva do Brasil nesse processo foram reiteradas por Barak ao secretário-geral das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e com o embaixador Marcel Biato, da assessoria internacional da Presidência, na segunda-feira.

"Nossa experiência é a de manter uma negociação direta com os palestinos, sem mediações. Eu acredito fortemente nesse formato", afirmou Barak.

Sem nenhum meio de interferir na visita do presidente Lula ao Irã, em 15 de maio, Israel deixou em Brasília sua visão de que a atual posição do Brasil impede a unificação da mensagem da comunidade internacional em torno das sanções sobre interesses econômicos da Guarda Revolucionária do Irã. Assim como os EUA, França, Grã-Bretanha e Rússia, Israel e boa parte dos países do Golfo Pérsico creem que as sanções são o único meio de forçar o Irã a paralisar seu programa nuclear e a retomar a negociação de um acordo.

A argumentação israelense tem como base o último relatório da AIEA sobre o Irã, que, com base em dados técnicos e fatos, concluiu que há um programa de construção de armas nucleares em andamento no país persa. Ao contrário do Brasil, o governo israelense e seus aliados acreditam que, ao iniciar o enriquecimento do urânio a 20%, Teerã viola regras impostas pelo Conselho de Segurança.

"Conhecemos a boa intenção do Brasil. Mas qual o resultado que colhemos até agora? O Irã está aumentando a instabilidade no Oriente Médio, apoiando o terrorismo e colocando em risco a efetividade do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP)", afirmou Barak. "Não se trata de uma confrontação Israel-Irã, mas de uma confrontação entre o Irã e o mundo", completou.

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