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Palestino trabalha em assentamento judaico no território ocupado por Israel na Cisjordânia | Baz Ratner/Reuters
Palestino trabalha em assentamento judaico no território ocupado por Israel na Cisjordânia| Foto: Baz Ratner/Reuters

Condição

Abbas exige o fim das construções para retomar negociação

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, pediu ontem a retomada das negociações com Israel e o fim da colonização de territórios israelenses conquistados na Guerra dos Seis Dias (1967), um dia após a elevação da Palestina ao status de Estado observador não membro da ONU.

"Disse mil vezes que queremos retomar as negociações e estamos dispostos a fazê-lo", disse, em Nova York. "Não impomos condições, porém existem nada menos do que 15 resoluções da ONU que consideram que a colonização é ilegal e é um obstáculo para a paz. Por que (os israelenses) não suspendem a colonização?"

Os palestinos reivindicam o fim das construções como precondição para as negociações de paz justamente por considerarem que elas inviabilizam a chamada solução de dois Estados, ou seja, a convivência, lado a lado, de um Estado judeu com um palestino.

Israel se opôs à reivindicação palestina na ONU, dizendo que o reconhecimento do Estado palestino só pode decorrer de um acordo de paz, e não de ações unilaterais.

Netanyahu afirmou que, ao apresentar a sua solicitação à ONU, os palestinos "violaram os seus acordos com Israel".

"Tanto a decisão da ONU sobre um Estado palestino quando a resposta de Netanyahu são ruins", disse Tzipi Livni, ex-chanceler de Israel e ex-negociadora da paz com os palestinos. "Essa decisão de construir milhares de casas como punição aos palestinos só pune a Israel."

Israel aprovou a construção de 3 mil unidades habitacionais em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia – áreas ocupadas desde 1967 –, na primeira retaliação ao reconhecimento da Palestina pela ONU como Estado observador.

Segundo o jornal israelense "Haaretz", a decisão foi tomada pouco após a sessão na Assembleia-Geral da ONU que elevou o status palestino por grande maioria, na quinta-feira.

O governo israelense minimizou o feito e disse que só negociações poderão levar a um Estado palestino. A reação, porém, deixa claro o caráter de retaliação: o plano de Israel prevê novas casas na controvertida área E1, que liga Jerusalém ao assentamento judaico de Maaleh Adumim.

As construções podem formar um cordão de assentamentos em torno de Jerusalém, dificultando a criação de um Estado palestino em continuidade territorial com a cidade.

Em Ramallah, a principal cidade palestina, jovens fizeram festa até altas horas de quinta-feira, depois da elevação do status da Palestina nas Nações Unidas por 138 votos a 9.

De volta à realidade, os palestinos acordaram com novo status, mas diante do preço cobrado por Israel pela vitória conquistada na ONU: construção de mais colônias. "É uma agressão contra o Estado palestino", disse a dirigente Hannan Ashrawi.

Cerca de 350 mil judeus vivem em assentamentos na Cisjordânia, além de 200 mil em Jerusalém Oriental, onde os palestinos querem estabelecer a capital de seu Estado.

Os palestinos alegam que foram à ONU porque Israel não concorda em suspender a expansão dos assentamentos, considerados ilegais pela ONU e pela maioria dos países.

Os EUA condenaram a decisão israelense, classificando-a de "contraproducente" para a retomada das negociações com os palestinos.

A decisão histórica ocorrida na quinta-feira não irá conceder, na prática, a independência dos 4,3 milhões de palestinos que vivem na Cisjordânia, no leste de Jerusalém e na Faixa de Gaza.

No entanto, ao conquistarem a aprovação de um fórum mundial extremamente simpático à sua causa – somente nove dos 193 membros votaram contra o reconhecimento –, os palestinos esperam dificultar a resistência de Israel à pressão global para negociar as fronteiras de uma futura Palestina com base em como elas eram antes de Israel assumir o controle dos territórios.

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