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A Itália está pressionando seus cidadãos a irem votar em um dos pleitos mais aguardados em muitos anos no domingo (24) e na segunda-feira (25), com os mercados financeiros atentos à perspectiva de um impasse político que poderia reavivar a crise fiscal da zona do euro.

As campanhas estão proibidas desde a meia-noite de sexta, quando os líderes fizeram seus últimos comícios. O comediante Beppe Grillo roubou a cena em Roma, atraindo cerca de meio milhão de pessoas para ouvir suas tiradas contra políticos e banqueiros corruptos.

O Ministério do Interior chamou os cerca de 47 milhões de eleitores a ir às urnas, e disse ter se preparado para o tempo ruim, que pode ter neve em algumas regiões, para garantir que todos tenham a chance de depositar seu voto.

"As eleições são um momento fundamental para uma democracia, e queremos que todos os nossos cidadãos as vivenciem da melhor maneira possível", declarou a ministra do Interior, Anna Maria Cancellieri, em um vídeo publicado no site da pasta.

Uma pesquisa divulgada na terça-feira disse que cerca de 28 por cento dos italianos ainda não decidiu em quem votar ou cogita não fazê-lo, e mostrou que cerca de cinco milhões de pessoas devem se decidir nos últimos dias.

As pesquisas finais, publicadas duas semanas atrás, mostravam o líder de centro-esquerda Pier Luigi Bersani com uma vantagem de cinco pontos, mas os analistas duvidam que ele seja capaz de formar uma maioria estável que possa levar adiante as reformas econômicas que a Itália precisa para sair da recessão.

Estima-se que agora Bersani só esteja alguns pontos à frente do líder de centro-direita Silvio Berlusconi, ex-primeiro-ministro que prometeu a restituição de impostos e fez uma maratona junto à imprensa.

O sucesso da "Turnê Tsunami" de Grillo aumentou a incerteza. Grandes multidões foram ouvi-lo vociferar contra a corrupção e a austeridade, sublinhando a dimensão da revolta popular contra partidos tradicionais e a capacidade de seu Movimento 5-Estrelas para chacoalhar as eleições.

"Grillo está dizendo as coisas que todos os italianos comuns pensam, está nos dando esperança", afirmou Luca Pennisi, de 41 anos, que faz massas para tortas para um café da capital no qual vários clientes ainda não sabiam em quem votar.

"É hora de mudar o sistema, se livrar dos políticos antigos e parar de desperdiçar o dinheiro público", disse ele, acrescentando que assistiu ao comício final de Grillo na internet e que com certeza irá votar em seu grupo.

Grillo era visto vencendo por uma margem de 16 por cento nas últimas pesquisas, o que faria da sua coligação a terceira maior força eleitoral. Os especialistas acreditam que ele pode ter crescido, auxiliado por uma forte campanha na Internet e uma série de escândalos envolvendo a elite política italiana.

Outros líderes encerraram suas campanhas mais discretamente. Berlusconi cancelou a participação em um comício em Nápoles dizendo estar com um problema no olho. Bersani falou em um teatro em Roma, e o premiê demissionário, Mario Monti, que encabeça uma coalizão de centro, realizou um evento similar em Florença.

O mais provável - e muitos dizem ser o resultado mais estável e pró-reformas na eleição - parece ser um governo de aliança entre Bersani e Monti, que exigiria que o atual primeiro-ministro conquistasse senadores suficientes para reforçar a centro-esquerda.

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