Um ano após o acidente nuclear em Fukushima, no Japão, o país ainda sofre os impactos econômicos e ambientais causados pelo desastre, e autoridades buscam respostas estratégicas para prevenir ocorrências semelhantes. Representantes do Centro de Cooperação Internacional do Fórum Atômico Industrial do Japão (Jaif-ICC) e da Associação de Pesquisa em Segurança Nuclear (Nsra) estiveram no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (15) para falar sobre as mudanças ocorridas no país após o desastre.
Uma delas foi a criação de uma lei especial de biodiversidade estabelecendo as diretrizes básicas para descontaminação em caso de emergências nucleares. Em vigor no país desde o início do ano o documento determina os procedimentos para medição do índice de radioatividade das áreas contaminadas e as condutas de coleta transporte e armazenamento do solo recuperado.
Apesar das atividades de descontaminação realizadas pelo governo japonês, há áreas que ainda apresentam índices elevados de radiação. "A região localizada dentro de um raio de 5 km da usina em Fukushima foi gravemente contaminada, e será difícil restabelecer as condições naturais anteriores ao acidente", disse Yutaka Kawakami, consultor da Nsra.
Além dos impactos ambientais, o Japão sofre as consequências econômicas com a queda na produção de energia. Após a interrupção das atividades nas usinas nucleares, as concessionárias japonesas gastaram US$ 11 bilhões em 2011 na compra de combustíveis fósseis para suprir o abastecimento no país - valor 65% superior ao gasto no ano anterior. Em consequência, as tarifas ao consumidor aumentaram em média 20%. Atualmente, apenas duas das 54 usinas nucleares existentes no Japão operam normalmente.
Mesmo com o aumento da tarifa, a população japonesa continua contrária à retomada da produção de energia nuclear. Se, antes do desastre, cerca de 65% da população era favorável à energia nuclear, pesquisas recentes mostram que mais de 70% da população se tornou contrária à produção desse tipo de energia. "As discussões relacionadas à energia nuclear são significativamente afetadas pela opinião pública", ressaltou o representante da Jaif-ICC, Akira Nagano.
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