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TÒQUIO - As primeiras fotos de uma lula gigante viva - um dos animais mais misteriosos das profundezas marinhas - sugerem que se trata de uma criatura mais ativa do que se pensava, afirmou um cientista japonês nesta quarta-feira.

Até agora, a única informação sobre o comportamento dessas criaturas, que medem até 18 metros, se baseava em lulas mortas ou agonizantes atiradas à praia ou capturadas por redes de pesca comercial.

Mas Tsunemi Kubodera, do Museu Nacional de Ciência, e Kyoichi Mori, da Associação Ogasawara de Observação de Baleias, ambos de Tóquio, capturaram as primeiras imagens de um "Architeuthis", atacando uma isca 900 metros abaixo da superf!cie das águas frias e escuras do Pacífico Norte.

- Até agora, imaginava-se que as lulas gigantes eram relativamente indolentes, que ficavam nas águas profundas sem se mexerem muito. Mas descobrimos que elas se deslocam de forma bastante ativa - disse Kubodera.

Kubodera e Mori publicaram suas descobertas na revista "Proceedings B", da Royal Society, na quarta-feira.

Kubodera se disse particularmente interessado pela forma como a lula gigante - vista em uma série de imagens tiradas a cada 30 segundos - enrolava sua presa nos seus longos tentáculos.

- É provavelmente quase da mesma forma como as cobras gigantes envolvem suas presas com seus corpos, o que me surpreendeu um pouco - disse Kubodera, sentado diante de um gigantesco espécime de outra lula gigante, em exibição no Museu Nacional de Ciência.

Os cientistas japoneses encontraram a lula seguindo cachalotes, os maiores predadores desses moluscos, que se reuniam para se alimentar entre setembro e dezembro naságuas profundas ao largo das ilhas Ogasawara, no Pac!fico Norte.

As fotos mostraram a lula gigante lançando seus tentáculos depois que um deles ficou preso em um anzol colocado em uma isca. O animal se desvencilhou, mas parte do tentáculo branco ficou ali.

- Quando colocamos o dedo, Äo tentáculo se cravou firmemente. Ficou preso ao casco do barco, e nao saiu facilmente. Ainda estava vivo - disse Kubodera.

Pouco se sabe sobre as lulas gigantes, que podem ser a base para a lenda dos "kraken", enormes monstros com tentáculos que os marinheiros diziam ter encontrado na costa da Noruega no século 18.

Apesar da surpreendente atividade fotografada, Kubodera disse que a lula gigante vive em águas profundas demais para representar uma ameaça a navegadores, como o legendário monstro marinho.

- Eles vivem em áreas de 900 e mil metros de profundidade, embora à noite subam para 400 a 500 metros. É impensável que a lula gigante que fotografamos venha à superfície e arraste barcos daquele jeito - disse Kubodera, referindo-se àlenda dos "kraken".

- Mas, no oceano, ainda há muita coisa desconhecido - acrescentou.

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