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O cardeal Dziwisz (ao fundo) da Cracóvia foi o secretário particular do pontífice João Paulo II | Chris Helgren / Reuters
O cardeal Dziwisz (ao fundo) da Cracóvia foi o secretário particular do pontífice João Paulo II| Foto: Chris Helgren / Reuters

O papa João Paulo II, morto em 2005, ficou ferido em um ataque realizado por um padre armado com uma faca em 1982, um anos depois de o pontífice ter sido alvejado com tiros na praça São Pedro, disse um assessor dele em um documentário. O ferimento a faca, no entanto, foi mantido em segredo.

O cardeal Stanislaw Dziwisz também revelou que, quando se viu impossibilitado de pronunciar várias palavras antes de morrer, João Paulo II afirmou a assessores que, se não conseguisse mais falar, teria chegado sua hora de deixar de viver.Dziwisz, que é hoje cardeal de Cracóvia (Polônia), foi o secretário particular do papa e seu principal assessor durante quase 40 anos, entre os quais todos os 27 anos do pontificado dele.

O documentário, chamado "Testimony" (Testemunho) e narrado pelo ator britânico Michael York, é uma versão cinematográfica das memórias publicadas pelo cardeal no ano passado. No entanto, a produção apresenta algumas novidades.

O filme estréia oficialmente no Vaticano, na noite de quinta-feira. O papa Bento 16 deve participar do evento.

No dia 12 de maio de 1982, João Paulo II visitou a cidade sagrada de Fátima, em Portugal, a fim de agradecer pelo fato de ter sobrevivido a uma tentativa de assassinato ocorrida em 13 de maio de 1981, dia no qual o turco Mehmet Ali Agca disparou contra o pontífice.

Um padre espanhol ultraconservador, Juan Fernandez Krohn, saltou em direção a João Paulo II com uma adaga, mas acabou derrubado por policiais e foi preso. O fato de a faca ter atingido o papa e tê-lo cortado era desconhecido até agora.

"Eu posso revelar agora que o Santo Padre ficou ferido. Quando voltamos para seu quarto (no complexo do santuário de Fátima), havia sangue", diz o cardeal polonês no documentário.

O papa realizou o trajeto sem revelar que havia sido ferido. Krohn passou vários anos preso em Portugal antes e ser expulso dali.

O documentário combina narrações feitas por York, entrevistas com Dziwisz, imagens de época e trechos da vida do papa encenados por outros atores.

Entre as cenas exibidas, há as da última aparição dele da janela que dá para a praça São Pedro. Naquele momento, debilitado pelo mal de Parkinson e por outras doenças, e tomado pela emoção, o papa não conseguiu pronunciar nenhuma palavra.

Segundo Dziwisz, quando o pontífice, que se submeteu a uma traqueostomia a fim de respirar com maior facilidade, voltou para seus aposentos, recobrou parte de sua força e conseguiu suspirar: "Eu não consigo mais falar. Chegou a hora de eu partir."

João Paulo II morreu vários dias mais tarde, no dia 2 de abril, aos 84 anos de idade.

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