Jogar tinta dentro de urnas se tornou um símbolo de resistência na eleição presidencial da Rússia, iniciada na sexta-feira (15) e que termina neste domingo (17).
Como o presidente Vladimir Putin será eleito para um quinto mandato presidencial (o que está sendo assegurado por uma eleição sem transparência e opositores de verdade), eleitores russos estão buscando formas de protestar, e uma delas é derramar tinta dentro das urnas para inviabilizar cédulas já depositadas.
Um vídeo de uma câmera de segurança que se tornou viral mostra uma jovem loura numa seção eleitoral derramando um líquido escuro numa urna, antes de ser abordada e presa por policiais.
Segundo a emissora americana CNN, as autoridades da Rússia já abriram pelo menos 15 processos criminais depois que eleitores derramaram tinta em urnas, iniciaram incêndios ou lançaram coquetéis molotov em locais de votação.
Em entrevista à agência russa Tass neste sábado (16), a presidente da Comissão Eleitoral Central russa (CEC), Ella Pamfilova, disse que ao menos 214 cédulas foram “irremediavelmente perdidas” devido a ações de protesto.
Segundo ela, tentativas de estragar cédulas de votação foram relatadas em 29 seções eleitorais em 20 regiões russas.
Ocorreram tentativas de derramar líquidos em urnas em 20 locais de votação, de incêndio criminoso em oito locais e de utilização de um artefato para produzir fumaça numa seção eleitoral.
Para este domingo, último dia de votação, Yulia Navalnaya, viúva do líder opositor Alexei Navalny (que morreu numa prisão no Ártico em fevereiro), pediu para que cidadãos se concentrem para um protesto ao meio-dia (horário local) em várias seções eleitorais.
Ela disse que os participantes da ação devem “votar em qualquer candidato, exceto Putin”, “estragar a cédula”, “escrever Navalny em letras grandes” ou “ir até a seção eleitoral, ficar lá por um tempo, depois dar meia-volta e ir para casa”.
O Ministério Público russo soltou um comunicado na quinta-feira (14) para alertar que quem participar da ação convocada por Navalnaya pode ser processado criminalmente.
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