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Ingrid Betancourt, após seu resgate em julho: “Herbin é um homem generoso e dedicado à causa dos seqüestrados. Ele fez da profissão seu sacerdócio pela liberdade. Amigos para sempre”. |
Ingrid Betancourt, após seu resgate em julho: “Herbin é um homem generoso e dedicado à causa dos seqüestrados. Ele fez da profissão seu sacerdócio pela liberdade. Amigos para sempre”.| Foto:

Ingrid Betancourt esperou muito tempo para dar um abraço em alguém que ela não conhecia. Na primeira oportunidade, realizou seu desejo.

Horas após ser libertada em 2 de julho, depois de permanecer seis anos seqüestrada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na selva colombiana, Ingrid participou de uma entrevista coletiva e agradeceu a todos aqueles que participaram do resgate.

Logo ela rompeu a pouca ordem do evento improvisado e perguntou por Herbin Hoyos, que havia acompanhado ela em momentos duros do cativeiro e lhe dado alento através de seu programa de rádio "As vozes do seqüestro", transmitido pela emissora Caracol desde 10 de abril de 1994.

Hoyos estava lá e eles trocaram um forte abraço. "Meu irmão para sempre, venho atrás de meu ‘abraço da liberdade’", disse a ex-candidata presidencial, visivelmente comovida.

"Foi algo muito emocionante. Não nego que me senti honrado por se tratar de Ingrid. Porém, a verdade é que durante esses mais de 14 anos de programa, tive a sorte de dar o ‘abraço da liberdade’ em 11.017 pessoas que estiveram seqüestradas" e agora estão livres, explicou Hoyos.

Um jornalista de 38 anos, Hoyos dedicou os últimos 14 deles ao programa e à causa dos milhares de seqüestrados da Colômbia. "Peço respeitosamente aos senhores seqüestradores que deixem os seqüestrados ligar os rádios. Aqui começam ‘As vozes do seqüestro’". Essas são as palavras com que o jornalista inicia o programa, transmitido nas madrugadas de sábado para domingo, porque nesse momento tanto os guerrilheiros quanto os reféns normalmente descansam, após longas e cansativas caminhadas durante o dia.

Em seus cativeiros, os seqüestrados ouvem tudo o que os familiares quiserem contar: sabem sobre nascimentos, casamentos, mortes de parentes queridos.

Reconhecimento

Durante anos, a tarefa de Hoyos passou despercebida para quase todo o país, pois só sabiam da existência de seu programa os seqüestrados e seus familiares. O tema começou a ganhar relevância após o seqüestro de Ingrid, em fevereiro de 2002. "O programa me ensinou a maior lição de humildade que alguém possa ter na vida. Todos os dias eu conheço o drama humano", define Hoyos, que em 14 anos transmitiu mais de 328 mil mensagens para os seqüestrados.

"Os familiares dos ricos e os políticos têm poder para pedir a liberação dos seqüestrados. Nós só temos Herbin", disse Miriam Torres, a mãe de Juan Camilo Mora, um jovem administrador de empresas desaparecido há quase três anos.

Hoyos repete a cada semana que seu programa não irá mais ao ar quando o último seqüestrado da Colômbia recuperar sua liberdade. Naquele 2 de julho, Ingrid disse a ele: "Venho para que acabemos com esse programa." Ainda não foi possível fazê-lo.

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