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O ditador venezuelano Nicolás Maduro ao lado do comandante das Forças Armadas, Remigio Ceballos (à esquerda), 30 de janeiro |  MARCELO GARCIA / AFP
O ditador venezuelano Nicolás Maduro ao lado do comandante das Forças Armadas, Remigio Ceballos (à esquerda), 30 de janeiro| Foto:  MARCELO GARCIA / AFP

As detenções e o cerceamento do trabalho dos correspondentes internacionais na Venezuela têm ocorrido abertamente por questões políticas. 

Tanto o brasileiro Rodrigo Lopes, do jornal Zero Hora, como os chilenos Rodrigo Pérez e Gonzalo Barahona ouviram de seus captores que seus governos eram inimigos da Venezuela. 

"Eles falaram várias vezes do Bolsonaro, da postura dele, do que estava falando sobre Maduro", contou à reportagem o gaúcho Rodrigo Lopes. O mesmo ocorreu com os chilenos, que ouviram críticas a Sebastián Piñera. 

Na manhã desta quinta (31), o chanceler colombiano, Carlos Trujillo, afirmou que "desde que soubemos da desaparição de Leonardo Muñoz, que se encontrava cobrindo a situação na Venezuela para a agência espanhola Efe, ficamos atentos para que nossos representantes diplomáticos resolvam sua situação". 

A desaparição de Muñoz, na quarta (30) causou grande repercussão na imprensa e na sociedade colombiana. 

Colômbia e Venezuela são vizinhos e parceiros históricos desde a época da independência de ambos, na primeira metade do século 19. 

O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa na Venezuela informou que Muñoz, sua conterrânea e colega de agência Efe Maurén Barriga Vargas e o espanhol Gonzalo Domínguez seriam deportados para seus países. 

Dois jornalistas franceses, Pierre Caillet e Baptiste des Monstiers, que trabalham para a emissora TMC, também seriam deportados. 

O secretário-geral do sindicato venezuelano de imprensa, Marco Ruiz, afirmou que foram registradas 40 agressões neste mês contra jornalistas - destas, 19 foram detenções, a maioria de correspondentes estrangeiros. "Deportações não são a solução", disse a jornalistas em Caracas. 

A SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) pediu a liberação imediata dos jornalistas e o respeito ao trabalho da imprensa. 

"Com a afronta cotidiana ao direito do povo à liberdade de reunião e à liberdade dos jornalistas em exercer sua função, o governo de Maduro se desnuda cada vez mais como um regime opressor, ditatorial, que busca aferrar-se ao poder com mais repressão e violência", afirmou a presidente da SIP, Maria Elvira Domínguez, diretora do jornal colombiano El País, de Cali. 

Embate

A deterioração da relação entre Bogotá e Caracas começou após a eleição de Iván Duque, afilhado do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-10). Apesar de se definir como de centro, foi eleito com amplo apoio da direita e pelo Centro Democrático, partido de Uribe. 

Seu antecessor, Juan Manuel Santos (2010-18), evitou confrontos e críticas ao ditador Maduro porque precisava de sua ajuda para concretizar o acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). "Pela paz, me tornei o melhor amigo da Venezuela", dizia Santos à época, sob várias críticas. 

Já Duque preferiu o embate aberto, o que além de ter produzido como efeito colateral a prisão do fotógrafo colombiano em Caracas, jogou por terra o acordo de paz com a segunda maior guerrilha do país, o ELN (Exército de Libertação Nacional). 

Leia também: Quem é o ELN, a guerrilha marxista responsável pelo atentado na Colômbia

A participação da Venezuela nesses tratados é essencial porque as guerrilhas colombianas se escondem e acampam em território venezuelano.

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