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Julian Assange após o anúncio da sentença, na saída do tribunal de Belmarsh | Ben Stanssal/AFP
Julian Assange após o anúncio da sentença, na saída do tribunal de Belmarsh| Foto: Ben Stanssal/AFP

Repercussão

Estados Unidos negam envolvimento no caso

Os Estados Unidos negaram ontem qualquer envolvimento com a decisão da Justiça britânica de extraditar o criador do site WikiLeaks, Julian Assange, para a Suécia, onde enfrenta desde o ano passado acusações de crimes sexuais.

A defesa de Assange, porém, alega que a extradição à Suécia facilitaria uma posterior extradição aos EUA, onde Assange pode enfrentar dura sentença pelo vazamento de mais de 250 mil documentos diplomáticos.

"Apesar das afirmações ao contrário, os Estados Unidos não estão envolvidos nessa questão", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, em seu Twitter.

O australiano foi acusado de agressão sexual por duas mulheres suecas com as quais manteve relações sexuais durante uma estadia em Estocolmo no mês de agosto do ano passado. As duas mulheres o acusam, entre outras coisas, de havê-las forçado a manter relações sexuais sem preservativo.

Interesses políticos

Assange afirma que as relações foram consensuais e acusa a Suécia de manter interesses políticos no processo, querendo desmerecer o trabalho do WikiLeaks. Ele está atualmente em liberdade assistida, após pagar fiança. Desde então, vive na mansão de um amigo britânico em Ellingham Hall, 200 km ao leste de Londres.

Folhapress

  • Veja a cronologia do caso Julian Assange

Londres - O fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange, pode ser extraditado para a Suécia, onde enfrenta na Justiça acusações de abuso se­­xual e estupro, decidiu ontem o juiz britânico do tribunal de Belmarsh. "Devo ordenar que o senhor Assange seja extraditado para a Suécia", declarou o juiz Howard Riddle, ao anunciar sua decisão sobre o australiano de 39 anos.

Assange ouviu a sentença com uma expressão pétrea, olhando fixamente para o centro da sala de audiência. Os advogados do australiano de 39 anos anunciaram imediatamente sua intenção de apelar da decisão. "Vamos apelar", afirmou Geoffrey Robertson, um dos membros da equipe de defesa, que já havia anunciado sua intenção de esgotar todos os recursos disponíveis para evitar a extradição de seu cliente, ao afirmar que este não será submetido a um julgamento justo na Suécia, o que pode estender o processo por meses.

A sentença do magistrado ainda não é definitiva para o caso. O recurso será apresentado à Alta Corte de Londres, a instância su­­perior. Na saída do tribunal, outro advogado de defesa, Mark Stephens, disse estar "otimista sobre as possibilidades de apelação", recordando que Assange, no momento, não foi acusado formalmente de nada.

Relação consentida

Assange nega ter cometido as agressões sexuais denunciadas por duas mulheres suecas, pelas quais até agora não foi formalmente acusado, embora admita ter mantido relações consentidas com ambas durante uma visita ao país escandinavo em agosto passado. Assange e seus advogados alegam que o caso tem motivações políticas depois da divulgação pelo WikiLeaks de milhares de mensagens confidenciais da diplomacia americana e documentos secretos sobre as guerras do Iraque e Afeganistão.

Durante as audiências realizadas no início de fevereiro, os ad­­vogados de Assange tentaram demonstrar que seu cliente não seria submetido a julgamento justo na Suécia, onde, segundo eles, declarações do primeiro-ministro Fredrik Reinfeldt o converteram no "inimigo público nú­­mero um". Reinfeldt lamentou na ocasião que "os direitos das mulheres e seus pontos de vista recebam tão pouca atenção quando se trata deste tipo de questão".

O juiz Riddle considerou on­­tem, no entanto, "altamente im­­provável que qualquer comentário tenha sido feito para interferir no caminho da Justiça". A Justiça americana estuda há meses uma maneira de indiciá-lo formalmente, mas até o momento não conseguiu formular nenhuma acusação contra ele.

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