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O juiz pode ser afastado por 20 anos de suas funções por ter investigado atrocidades da Guerra Civil Espanhola | Mauríicio Lima/AFP
O juiz pode ser afastado por 20 anos de suas funções por ter investigado atrocidades da Guerra Civil Espanhola| Foto: Mauríicio Lima/AFP

Quando jovem, Baltasar Garzón trabalhou em um posto de gasolina para pagar seus estudos de Di­­reito. Décadas depois, como juiz, processou personagens como o ex-ditador chileno Augusto Pi­­nochet e o líder terrorista Osama bin Laden.

Agora, a ascensão meteórica de Garzón está sendo eclipsada por uma queda em desgraça igualmente espetacular. Na última sexta-feira, ele foi afastado de suas funções enquanto aguarda julgamento.

É uma mudança na sorte de um dos maiores impulsionadores da noção da jurisdição universal, conceito pelo qual alguns delitos, por serem gravíssimos, poderiam ser julgados em qualquer país.

Garzón espera um julgamento que pode encerrar sua carreira. Ele é acusado de extrapolar conscientemente suas atribuições, ao investigar atrocidades da Guerra Civil Espanhola (1936-1939) que foram alvos de uma anistia.

Há também outros casos pendentes contra ele, incluindo um sobre sua autorização para gravações de conversas em uma prisão, relacionadas com um caso de corrupção.

Muitos acreditam que, independentemente de ter ou não co­­metido erros, há aqueles que não perdoam Garzón por sua condição de celebridade, de juiz viciado no trabalho e nas viagens e que adora conseguir manchetes nos jornais.

Seus detratores sustentam que os resultados de suas investigações são mistos, que ele toma atalhos em questões de procedimento e está mais interessado em pro­­mover sua imagem do que a justiça.

Muitos colegas estão cansados com Garzón, dizem algumas fontes. "Não surpreende que seus colegas, conservadores e socialistas, queiram lhe dar um chute no traseiro", afirmou Florentino Po­­r­­­­tero, professor de História da Uni­­versidade Nacional de Edu­­cação Aberta. "Os juízes não gostam do estrelato" de seus colegas, completou.

Anistia

Após perseguir durante anos pes­­soas fora do país, incluindo Pi­­nochet, Garzón foi envolvido no mês passado no maior caso ainda pendente na Espanha: a execução ou desaparição de mais de 100 mil civis, nas mãos dos partidários de Francisco Franco. O ex-promotor catalão José María Mena explica assim: "(Gar­­zón) Tocou um fio elétrico que nunca havia sido desconectado, 70 anos depois, e recebeu um grande choque."

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