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Enterro de vítima do confronto de sem-terra e policiais | Fabian Aosta/AFP
Enterro de vítima do confronto de sem-terra e policiais| Foto: Fabian Aosta/AFP

Um juiz paraguaio decretou ontem a prisão de 12 trabalhadores sem terras e condenou outros 46 à revelia, após o confronto a tiros com policiais que causou a morte de pelo menos 17 pessoas na sexta-feira no nordeste do país.

A decisão do juiz José Be­­nítez foi anunciada em meio às investigações do choque armado que aconteceu durante uma operação de despejo de uma fazenda em Curu­­guaty, a 280 quilômetros de Foz do Iguaçu.

Os 12 afetados pela medida judicial foram acusados na véspera por vários crimes, entre eles homicídio doloso, tentativa de homicídio, lesão grave, associação criminosa, coação e coação grave.

O magistrado também con­­denou à revelia outros 46 sem­­ terras que teriam participado desse incidente que terminou com a morte de seis policiais e de pelo menos 11 trabalhadores rurais nessa colônia, no departamento de Canindeyú, na fronteira com o estado do Paraná.

O conflito provocou a cas­­sação do ministro do In­­terior, Carlos Filizzola, e do­­ comandante da polícia, Pau­­lino Rojas, cujos substitutos, Rubén Candia Amarilla e Ar­­naldo Sanabria, respectivamente, juraram seus cargos no sábado perante o presidente paraguaio, Fernando Lugo.

O Executivo autorizou na sexta-feira o envio de tropas militares à área de conflito para reforçar as tarefas da polícia.

Os desalojamentos e ocupações de terras são constantes no país, embora esta seja a primeira vez que se registra um fato dessa magnitude.

Os grupos de "sem terras" acusam o Estado de ter cedido ilegalmente terrenos a latifundiários e produtores agrícolas, principalmente durante a ditadura do general Alfredo Stroessner (1954-1989).

Os distúrbios começaram quando camponeses sem terra que ocupavam uma fazenda, pertencente ao empresário Blas Riquelme, promoveram uma emboscada contra policiais que se dirigiam ao local para retirá-los, e atacaram os oficiais com armas de fogo, segundo disse Filizzola horas antes de ser divulgada sua destituição como ministro.

Carlos Filizzola e Paulino Rojas foram apontados como responsáveis pela tragé­­dia pela maioria opositora no Congresso que pediu em plenária seu julgamento político.

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