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Prisão perpétua

Veja perfil de quatro ex-oficiais da Marinha argentina condenados à prisão perpétua por crimes contra a humanidade.

Alfredo Ignacio Astiz

- É provavelmente o mais conhecido dos condenados. Astiz, que usava o codinome de Gustavo Niño, ficou famoso no mundo inteiro por ter se infiltrado na organização das Mães da Praça de Maio. Durante meses, o repressor fingiu ser irmão de um desaparecido para se aproximar e organizar os sequestros de integrantes do grupo de mulheres, como os de Azucena Villaflor, Mary Bianco e Ester de Careaga, mortas na ditadura. Astiz também era chamado de "anjo loiro" e "anjo da morte".

Antônio "Trueno" Pernías

- Agente de inteligência durante a ditadura, ficou conhecido como "Rato" ou "Martin". Seu pai, um oficial de alto escalão da Força Aérea, ajudava o filho, emprestando sua casa própria na província de Buenos Aires para ser de "centro operacional" da polícia de repressão. Ele é um dos poucos a admitir os chamados "voos da morte", prática de extermínio usado pelos regimes militares da Argentina e do Uruguai que consistia em usar aviões oficiais para jogar em alto mar milhares de pessoas vivas anestesiadas.

Jorge Eduardo "Tigre" Acosta

- Conhecido pelos colegas da Escola de Mecânica da Armada (ESMA) como "El Tigre" Acosta, foi chefe de inteligência durante a ditadura e também líder do grupo repressor que funcionava na ESMA, onde funcionou a prisão clandestina mais importante da ditadura. Militar aposentado, é lembrado pelos sobreviventes por seu sadismo no trato com os presos políticos.

Ricardo "Sérpico" Cavallo

- Chamado também de Marcelo ou Miguel Angel, fez parte da repressão na ESMA e tem fama de ter sido um dos "grandes torturadores" do regime militar. Cavallo foi preso em 2000, no México, onde tinha montado um negócio com dinheiro roubado de suas vítimas durante a ditadura argentina.

Numa decisão histórica, a Argen­­tina condenou 16 repressores que atuaram na última ditadura militar do país (1976-1983), responsabilizados por 86 crimes, entre eles homicídios, sequestros, torturas e roubo de bens.

O anúncio da decisão ocorreu na noite de quarta-feira, e foi acompanhado com euforia por parte de representantes de organizações de direitos humanos e familiares dos desaparecidos.

Em contraste, os parentes dos condenados, também presentes à sessão, choravam e protestavam. Alguns cantaram o hino nacional.

Os repressores chegaram algemados ao local. Doze deles receberam a pena máxima, prisão perpétua, e outros quatro foram condenados a períodos menores, entre 18 a 25 anos de prisão.

Trata-se do mais importante julgamento já realizado por conta dos delitos cometidos na Esma (Escola Mecânica da Armada), um dos principais centro de tortura e de extermínio do país, por onde estima-se que passaram 4.500 prisioneiros. Era dali que partiam os condenados aos "voos da morte", que eram atirados no Rio da Prata.

Entre os crimes listados, estão os sequestros e as desaparições da fundadora das Mães da Praça de Maio, Azucena Villaflor, do escritor e jornalista Rodolfo Walsh e das freiras francesas Leonie Duquet e Alice Domon.

"É importante que a justiça tenha sido feita, porém, há que se perguntar como foi possível demorar mais de 30 anos para emitir essas sentenças", disse o jornalista e escritor Uki Goñi, autor de importantes trabalhos sobre o período como "A Ver­­dadeira Odessa" (Record) e "El In­­filtrado" (Sudamericana).

Neste último, Goñi investigou a vida de Alfredo Astiz, 59 anos, co­­nhecido como "o anjo da morte", um dos sentenciados à pena máxima.

O livro do jornalista estava entre os elementos usados no processo, assim como o depoimento de sobreviventes do centro.

"Astiz era um dos mais cruéis. Infiltrou-se entre as Mães, ganhou a confiança delas dizendo que era irmão de um desaparecido, e depois as traiu. Não tem consciência moral nenhuma, é um psicopata", afirmou.

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