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Oriente médio

Justiça do Paquistão revoga anistia ao presidente Zardari

Zardari ainda mantém imunidade presidencial, mas antigos processo por casos de corrupção que eram cobertos pela anistia serão retomados

A Suprema Corte do Paquistão revogou nesta quarta-feira a anistia que protegia o presidente Asif Ali Zardari e alguns aliados de processos por corrupção, o que pode abrir uma crise política no país.

A anistia havia sido concedida em 2007 pelo então presidente Pervez Musharraf. Zardari mantém a imunidade presidencial a que tem direito, mas antigos processos cobertos pela anistia, a maioria por casos de corrupção, serão retomados, disse o presidente da Corte, Iftikhar Chaudhry, a seus colegas.

O Partido do Povo do Paquistão (PPP, de Zardari) vai respeitar a decisão, mas não há hipótese de Zardari renunciar, segundo seu porta-voz, Farhatullah Babar.

"O PPP já enfrentou desafios no passado e pode enfrentar desafios no futuro. O PPP não está preocupado, sua liderança não está preocupada", disse ele a jornalistas em frente ao tribunal.

A anistia concedida por Musharraf beneficiou cerca de 8.000 pessoas, inclusive políticos e funcionários públicos. A medida foi parte de um acordo de divisão de poderes com a falecida esposa de Zardari, Benazir Bhutto, sob mediação de EUA e Grã-Bretanha.

Bhutto voltou do seu autoexílio logo após a anistia, mas foi assassinada dois meses depois, durante uma campanha eleitoral. Zardari assumiu seu lugar no partido e venceu o pleito de fevereiro de 2008, tornando-se presidente com a renúncia de Musharraf, meses depois.

Mas sua imagem continua maculada por transações suspeitas realizadas durante os dois períodos em que Bhutto foi primeira-ministra, na década de 1990.

Ele diz que as acusações foram politicamente motivadas. Embora nunca tenha sido condenado, passou 11 anos na prisão.

Zardari agora é profundamente impopular, e seu governo é considerado fraco diante da insurgência do Taliban e das dificuldades econômicas.

O presidente é um dos principais aliados dos EUA na região, e recebe pressão de Washington para combater a militância islâmica na fronteira com o Afeganistão.

Entre os políticos protegidos pela anistia estão os ministros de Interior e da Defesa, além de vários assessores de primeiro escalão de Zardari.

Analistas dizem que, mesmo mantendo a imunidade, Zardari pode ver contestada a legitimidade da sua eleição em 2008, agora que os processos serão reabertos.

Outros analistas dizem que a decisão judicial, embora possa causar tensão, não deve mergulhar o país no caos.

"Algumas pessoas ficarão muito chateadas, mas significa que o país inteiro vai ficar instável? Não acredito", disse o ex-ministro e hoje analista Shafqat Mahmood.

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