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A justiça espanhola condenou nesta quarta-feira (31) a quase 40.000 anos de prisão três dos oito principais acusados dos atentados islamitas de 11 de março de 2004 em Madri, que deixaram 191 mortos e feriram 1.841 pessoas e foram reivindicados pela al-Qaeda. Os ataques ainda causaram dois abortos.

Jamal Zougam e Otman El Gnaoui pegaram cada um a mais de 40 mil anos de prisão. José Emilio Suárez Trashorras ficou com uma pena de quase 35 mil anos.

A Audiência Nacional espanhola absolveu Rabei Osman el-Sayed, conhecido "Mohammed, o Egípcio", e outros sete dos 28 acusados por causa dos atentados.

Na sentença, a justiça afirmou que nenhuma prova indica a participação da organização ETA nos ataques contra os quatro trens. Essa tese foi formulada durante o julgamento pela defesa dos acusados Jamal Zougam e Basel Ghalyoun.

O presidente do Tribunal, Javier Gómez Bermúdez, começou a leitura de um resumo da sentença, na qual se declara que nenhuma das provas solicitadas pelo advogado "aprova a tese alternativa" de que a ETA estivesse envolvida.

A sentença declara provado que os explosivos detonados nos trens e os usados pelos suicidas que três semanas depois se suicidaram ao serem cercados pela polícia procediam do mesmo lugar, mina Conchita, na região de Astúrias, no norte da Espanha.

A sentença acrescenta que não se sabe com certeza a "marca comercial" da dinamite, mas mesmo assim "não há dúvida" de que procedia da citada exploração mineradora.

Também indica que não há dúvida da autenticidade da "mochila de Vallecas", cuja desativação foi fundamental para a investigação dos atentados, nem de sua procedência, a estação de El Pozo, onde explodiu um dos trens atacados.

O ataque

Em 11 de março de 2004, às 7h40 locais, dez bombas explodiram em Madri e em sua periferia em quatro trens suburbanos, em plena hora do rush, matando trabalhadores, estudantes e imigrantes de 13 nacionalidades diferentes: no total 191 mortos e 1.841 feridos.

Foi o pior massacre terrorista jamais cometido na Espanha e o mais mortífero ocorrido na Europa Ocidental desde o atentado de Lockerbie em 1988 (270 mortos).

Imediatamente atribuído pelo governo conservador de José María Aznar à ETA - que negou qualquer envolvimento -, o massacre foi reivindicado no mesmo dia em nome da rede terrorista al-Qaeda.

"O esquadrão da morte (das Brigadas de Abu Hafs Al-Masri) conseguiu penetrar no coração dos cruzados europeus e infligir um golpe doloroso a um dos pilares da aliança dos cruzados, a Espanha", afirmou o texto assinado pelas "Brigadas Abu Hafs al-Masri/al-Qaeda" e recebido em Dubai pelo jornal Al-Qods al-Arabi.

Dois dias mais tarde, uma fita de vídeo em árabe foi localizada perto de uma mesquita de Madri reivindicando os atentados "em nome do porta-voz militar da Al-Qaeda na Europa" e em "resposta à colaboração da Espanha com os Estados Unidos no Iraque".

A al-Qaeda havia ameaçado a Espanha com represálias devido a seu firme apoio a Washington no Iraque, em uma mensagem atribuída a Osama Bin Laden e difundido em 18 de outubro de 2003.

O chefe de Governo espanhol da época, José María Aznar, era um dos maiores partidários da intervenção militar americana, apesar da oposição de uma ampla maioria de espanhóis.

Os atentados de 11 de março provocaram uma reação sem precedentes na Espanha, país acostumado com 40 anos de terrorismo da ETA, mas atingido pela primeira vez e com extrema violência pelo terrorismo islamita.

No dia seguinte aos atentados, 25% dos espanhóis foram às ruas para participar na maior manifestação da história de seu país, que reuniu 11,6 milhões de pessoas contra o terrorismo.

As eleições legislativas organizadas em 14 de março levaram ao governo o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, adversário declarado da guerra no Iraque.

Em 18 de março, Rodríguez Zapatero ordenou a retirada das tropas espanholas posicionadas no Iraque, cumprindo com sua promessa eleitoral.

Vinte e nove pessoas das 116 acusadas ao longo da investigação foram finalmente processadas em um grande julgamento em Madri, realizado desde fevereiro a princípio de junho e cuja sentença será conhecida nesta quarta-feira.

Um dos acusados foi declarado inocente durante o processo; antes deste julgamento, já havia sido julgado e condenado na Espanha um menor espanhol envolvido no caso.

Sete dos principais autores dos ataques se suicidaram com explosivos em 3 de abril de 2004 em um apartamento de Leganés, perto de Madri, quando foram cercados pela polícia.

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