A irmã mais nova do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, foi uma figura central durante a campanha do libertário, a ponto dele chamá-la de "a chefe", evidenciando a importância de sua participação na vida política do sucessor de Alberto Fernández na Casa Rosada.
Tamanha é a relevância de Karina Milei que no domingo (19), após o anúncio da vitória histórica sobre o peronismo, foi ela quem o apresentou a uma multidão que aguardava, aos gritos de "liberdade", o primeiro discurso do economista. “Gostaria de apresentar o presidente eleito, Javier Milei”, anunciou, sem rodeios.
Para Javier, a irmã é sua principal conselheira e assessora de confiança dentro do partido A Liberdade Avança, fundado em 2021 por ele.
Apesar de sua formação em Relações Públicas pela Universidade Argentina da Empresa (Uade), o envolvimento de Karina na política começou há menos de três anos, de acordo com o cientista político argentino José Natanson, que concedeu entrevista à emissora britânica BBC.
"É impressionante o crescimento de Karina Milei. Há dois anos e oito meses, ela nunca havia se envolvido com política. Hoje, ela diz a todos: se quiserem fazer parte deste espaço, já sabem a quem ligar", afirmou o especialista.
A mentora de Milei possui um perfil discreto e não é aberta a conceder entrevistas à imprensa, portanto, o pouco que é conhecido sobre ela parte de declarações do irmão.
Fontes próximas ao presidente eleito já afirmaram a veículos de comunicação que Karina é responsável por "cada passo" do libertário, inclusive na forma dele se vestir, que foge do ritualístico traje social dos políticos.
Durante os poucos anos em que atuou como deputado, boa parte de suas propostas passava pelo crivo da irmã. O caso mais recente aconteceu com uma carta do partido, assinada por Karina, denunciando uma suposta "fraude colossal" no processo eleitoral, às vésperas do segundo turno.
Karina administra a agenda do libertário e atua como "o braço direito" do sucessor de Fernández na Casa Rosada, como ele mesmo já confirmou em entrevistas.
“Você sempre tem que ter alguém a quem se reportar. No meu caso, me reporto à minha irmã”, disse ele ao jornal argentino La Nación, em 2021, quando foi eleito deputado.
Segundo o próprio Milei, ela é a “grande responsável” pelo sucesso de sua coalizão, enquanto ele atua como o comunicador das ideias desenvolvidas pela coordenadora de sua política e pelo estrategista Santiago Caputo. “Foi ela quem conseguiu levar isso tudo adiante, eu sou o grande divulgador dela”, declarou o libertário.
De acordo com o La Nación, Karina foi uma peça-chave na aliança para o segundo turno com o ex-presidente Mauricio Macri e a candidata derrotada Patricia Bullrich, que transferiu boa parte dos seus votos para que o libertário chegasse aos 55% na votação de domingo.
Um dos líderes do partido de Milei afirmou ao jornal que, embora ele seja a "figura política” em destaque, a irmã é considerada “a alma do projeto” ou, como o próprio libertário diz, a sua "arquiteta".
Apesar dos títulos que recebe do irmão, a participação de Karina no novo governo ainda não foi definida. Em uma entrevista antes do segundo turno, Milei brincou que ela se tornaria sua "primeira-dama". No entanto, Karina segue distante dos holofotes, contribuindo "nas sombras" com a nova gestão de Milei, que se inicia a partir do dia 10 de dezembro.
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