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Hamid Karzai com o senador americano John Kerry: presidente não quer perder o apoio da comunidade internacional | Shah Marai/AFP
Hamid Karzai com o senador americano John Kerry: presidente não quer perder o apoio da comunidade internacional| Foto: Shah Marai/AFP

Os fatos

Dois meses após realização de votação, país marca data para o segundo turno:

20 de agosto– mais de 5,6 milhões de afegãos comparecem às urnas.

25 de agosto – primeiros resultados parciais mostram vantagem de Karzai.

9 de setembro – Comissão de Apelações ordena recontagem parcial de votos devido a "claros indícios de fraude".

15 de setembro – mesma comissão determina recontagem de urnas de 10% das seções eleitorais.

16 de setembro – observadores europeus afirmam que há indícios de fraudes em cerca de 1,5 milhão de votos.

19 de outubro – após investigar denúncias, Comissão de Apelações invalida centenas de milhares de votos, a maioria dada a Karzai.

20 de outubro – Karzai aceita relatório de comissão e concorda em disputar um segundo turno.

7 de novembro – data para a realização do segundo turno.

Fonte: Folhapress

  • Saiba mais sobre a eleição e os candidatos afegãos

Cabul - Sob intensa pressão internacional, o presidente afegão, Hamid Karzai, admitiu ontem que houve fraude nas eleições de 20 de agosto e aceitou disputar o segundo turno, marcado para o dia 7.

A decisão do líder afegão foi tomada depois de uma investigação da Comissão de Queixas Elei­­torais, patrocinada pela Organi­­zação das Nações Unidas (ONU), ter determinado que quase um terço dos votos de Karzai deveria ser anulados por causa de fraude.

Após essa recontagem de vo­­tos, o presidente ficou com 48% dos votos, ou seja, menos do que os 50% necessários para se reeleger no primeiro turno. Ele enfrentará o ex-chanceler Abdullah Ab­­dullah.

"Faço um apelo à nação para ver esse momento como uma opor­­tunidade de levar o país adi­­ante e participar dessa nova rodada de votação", disse Karzai, ao deixar um encontro com os diretores da Comissão Eleitoral do Afe­­ganistão, organização controlada por aliados do presidente. A comissão confirmou a conclusão do órgão da ONU de que Karzai não teve a votação necessária pa­­ra evitar o segundo turno.

Ao lado do senador americano John Kerry e do enviado da ONU Kai Eide, Karzai agradeceu pela ajuda da comunidade internacional e disse que gostaria de poder continuar contando com o apoio externo para a segunda rodada de votação.

No entanto, ele não expressou arrependimento pela fraude em massa, que fez com que ele perdesse cerca de 1 milhão de seus 3 milhões de votos.

Ameaça

Agora que as investigações sobre as fraudes foram finalizadas, os responsáveis pela eleição têm de organizar uma nova votação, em meio à crescente ameaça do Ta­­leban e ao início do severo inverno afegão.

"Com certeza o Taleban usará toda a sua força para atrapalhar a eleição", observou o analista afegão Waheed Mozhdah. "O segundo turno será difícil se o objetivo for uma eleição mais transparente do que a do primeiro turno."

Ao aceitar um segundo turno, Karzai aliviou as tensões com o Ocidente, especialmente com os EUA. O presidente Barack Obama havia condicionado o envio de mais tropas ao país à resolução da crise eleitoral.

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também elogiaram a decisão do líder afegão.

A Casa Branca deixou clara sua crença em que, para que os EUA tenham sucesso no país, é essencial que haja uma governo legítimo e confiável em Cabul.

Obama deve se reunir com seus assessores nesta semana e na próxima para analisar o pedido do general Stanley McChrystal, que defende o envio de mais 40 mil soldados para a guerra afegã.

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