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Karzai comanda o Afeganistão desde 2001 e a vitória dará a ele mais cinco anos no cargo | Ahmad Masood/Reuters
Karzai comanda o Afeganistão desde 2001 e a vitória dará a ele mais cinco anos no cargo| Foto: Ahmad Masood/Reuters

Repercussão

Líderes pedem ação anticorrupção

Folhapress

Londres - Governos de países que mantém tropas no Afeganistão pediram ontem que o presidente reeleito, Hamid Karzai, promova ações emergenciais de combate à corrupção. As lideranças solicitaram ainda que Karzai governe para todos os afegãos e coopere com seu rival nas urnas Abdullah Abdullah, que se retirou da disputa no último final de semana.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, conversou ontem com Karzai e pressionou o afegão a combater a corrupção em seu novo mandato. Obama disse a Karzai que quer ver ações e que iria monitorar a situação para assegurar o progresso no Afeganistão.

O primeiro-ministro da Inglaterra, Gordon Brown, declarou à Câmara dos Comuns que conversou por telefone com Karzai e ressaltou a importância da elaboração de um programa de unidade para comandar o Afeganistão com garantias democráticas nos primeiros meses do governo reeleito.

"O Afeganistão precisa agora de medidas novas e urgentes para combater à corrupção, fortalecer os governos locais, estender a mão a todos os setores da sociedade e ser verdadeiro com o povo afegão", afirmou o britânico.

Brown disse também que foi claro ao expressar a Karzai a necessidade absolutamente crucial de que o Afeganistão ofereça melhor preparo às suas Forças Armadas e polícia.

O chanceler da Alemanha, Guido Westerwelle, afirmou que Karzai deve "tentar ser o presidente de todos os afegãos" e ressaltou a importância de os Estados comprometidos com o Afeganistão insistirem para que os dirigentes políticos do país trabalhem conjuntamente.

São Paulo - Autoridades afegãs anunciaram ontem o cancelamento do segundo turno da eleição presidencial do país, marcado para sábado, e proclamaram o atual ocupante do cargo, Hamid Karzai, reeleito.

A decisão foi tomada um dia após o ex-chanceler Abdullah Abdullah ter retirado sua candidatura, alegando que as fraudes registradas na primeira votação, em 20 de agosto, seriam repetidas, já que o governo se recusara a substituir o chefe da Comissão Eleitoral Independente (CEI), Azizullah Lodin, apontado como pró-Karzai.

"Sua Excelência, Hamid Kar­zai, que teve a maioria dos votos no primeiro turno e é o único candidato no segundo, é declarado pela CEI como o presidente eleito do Afeganistão’’, anunciou Lodin. Ele afirmou que a Constituição afegã só permite um segundo turno se houver dois candidatos.

O porta-voz de Abdullah, Fazel Sancharaki, disse, porém, que a decisão não reflete a lei afegã, mas negou-se a dizer se o ex-chanceler irá questioná-la. "Esperávamos que essa comissão anunciasse algo parecido porque essa comissão nunca foi independente e sempre apoiou o presidente Karzai’’, afirmou.

Já a comunidade internacional comemorou o anúncio. Em visita surpresa a Cabul, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que "lições devem ser aprendidas’’ do que chamou de "difícil processo eleitoral’’. "O Afeganistão agora enfrenta desafios significativos e o novo presidente deve rapidamente formar um governo que seja capaz de conseguir o apoio tanto da população afegã quanto da comunidade internacional’’.

Reino Unido, França e Ale­­manha parabenizaram Karzai e cobraram mais esforços contra a corrupção e a insurgência.

Além de colocar fim a mais de dois meses de indefinição política, o cancelamento do pleito representou um alívio para seus organizadores, que enfrentavam as ameaças do rigoroso inverno afegão – que deixa parte do país inacessível – e de uma onda de violência gerada pelo Taleban, que ameaçou atacar qualquer um que participasse da votação.

Duas vitórias

Karzai comanda o Afeganistão desde 2001, quando as forças militares lideradas pelos EUA invadiram o país e tiraram o Taleban do poder. Em 2004, ele foi oficialmente eleito presidente, e a vitória anunciada ontem dará a ele mais cinco anos no cargo.

O presidente tem sido criticado por sua falta de esforços contra a corrupção. Sua legitimidade também foi questionada depois de um primeiro turno marcado por irregularidades que forçaram a realização de uma nova votação.

Existe ainda o temor de que um governo fraco comandado por Karzai possa representar um golpe contra o presidente dos EUA, Barack Obama, que analisa a possibilidade de enviar até 40 mil soldados para reforçar a luta contra a crescente insurgência do Taleban, decisão que ainda pode levar semanas para ser anunciada.

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