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Homens carregam o caixão do chefe de polícia Dawood , homem influente no norte do Afeganistão, morto por um ataque suicida no sábado, na província de Takhar | Wahdat/Reuters
Homens carregam o caixão do chefe de polícia Dawood , homem influente no norte do Afeganistão, morto por um ataque suicida no sábado, na província de Takhar| Foto: Wahdat/Reuters

Em um comunicado enfurecido, o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, classificou de "assassinato" a morte de 12 crianças e duas mulheres em um bombardeio das forças norte-americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), ocorrido no sábado. No ataque, outros seis civis ficaram feridos.

Karzai disse que "essas operações arbitrárias e desnecessárias estão matando gente inocente todos os dias’’.

O presidente afegão lançou "uma última advertência". "Já foi dito em diversas ocasiões aos Estados Unidos e à Otan que suas operações unilaterais e inúteis causam a morte de afegãos inocentes, e que tais operações violam os valores humanos e morais, mas parece que não nos escutam", disse Karzai em nota oficial.

Os civis estavam em duas casas no distrito de Nawzad, que foram alvo de um ataque aéreo da Otan, retaliação a uma ofensiva do Taleban horas antes contra uma base de fuzileiros americanos na província de Helmand.

"A minha casa foi bombardeada no meio da noite e meus filhos foram mortos. O Taleban está longe daqui. Por que atacaram minha casa?", disse um dos familiares, Noor Agha, à Reuters.

Parentes recolheram os corpos de várias crianças e os embrulharam em lençóis ensanguentados, enfileirando-os em seguida no chão. De lá, eles os levaram para a capital de Helmand, Lashkar Gah.

Familiares levaram seus filhos mortos, incluindo crianças de dois anos de idade, até a mansão do governador da província, gritando: "Veja, eles não são do Taleban".

Tenso

As mortes por engano de civis afegãos pelas tropas da Otan, normalmente em ataques aéreos ou noturnos, são uma enorme fonte de tensão entre o governo de Karzai e os Estados Unidos do presidente Barack Obama.

Karzai já pediu que a Otan restrinja esses ataques com aeronaves não tripuladas porque causam muitas baixas entre civis. Também dificultam o apoio do povo afegão à guerra empreendida pelos EUA, tornando o conflito cada vez mais impopular.

Há poucos dias, milhares de pessoas tomaram as ruas e protestaram contra ataques da Otan que haviam matado quatro civis.

Karzai determinou que ofensivas noturnas ou operações mais sensíveis, sejam conduzidas exclusivamente por tropas afegãs.

Segundo acordo firmado com a Otan, as forças estrangeiras começam a transferir o poder para os soldados afegãos em julho, com a meta de retirada total das tropas de combate da Otan até o fim de 2014.

Hoje, há 150 mil soldados es­­trangeiros no país. Os EUA invadiram o Afeganistão após os atentados do 11 de Setembro, em busca do terrorista Osama bin Laden, que era protegido pelo Taleban.

Ataque suicida

Líderes afegãos acusaram ontem o Paquistão de abrigar insurgentes responsáveis pelo atentado suicida que matou um dos mais importantes homens do norte do Afeganistão. O governo investiga se as forças de seguranças tinham sido infiltradas.

Dawood Dawood, chefe de polícia do norte do Afeganistão, foi morto no sábado num ataque na província de Takhar. Dois policiais afegãos e dois soldados alemães também morreram, mostrando como a violência se espalha na região, antes pacífica.

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