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O Ministro das Relações Exteriores egípcio, Nabil Fahmy, com John Kerry: visita de "apoio" | REUTERS/Jason Reed
O Ministro das Relações Exteriores egípcio, Nabil Fahmy, com John Kerry: visita de "apoio"| Foto: REUTERS/Jason Reed

Em visita ao Egito um dia antes do julgamento do ex-presidente Mohamed Mursi, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou neste domingo (3) que há indícios de que os generais poderiam restaurar a democracia no país. Mursi, deposto em julho após protestos em massa contra seu governo, é acusado de incitar o assassinato de manifestantes enquanto estava no poder. Outros 14 líderes da Irmandade Muçulmana – movimento ao qual Mursi faz parte – também comparecerão aos tribunais nesta segunda-feira, sob acusação de estimular a violência.

"Até agora, há indícios de que isso é o que eles estão pretendendo fazer", disse numa entrevista conjunta com o ministro das Relações Exteriores egípcio, Nabil Fahmy.

Imediatamente após desembarcar na capital egípcia, Kerry reuniu-se com o seu homólogo egípcio. Ele expressou seu apoio às novas autoridades egípcias e tentou minimizar as tensões vividas entre os dois países nas últimas semanas após a suspensão da ajuda militar anual de Washington, dizendo que o Egito é um "parceiro vital" com o qual os EUA têm o compromisso de trabalhar.

"Nós dedicamos muito tempo à questão da ajuda. Mas concordamos que as relações entre os nossos países não devem ser marcadas pela assistência. Há outras questões mais importantes", disse o secretário de Estado, que condicionou os cortes à transição do governo, evitando usar a palavra "golpe", considerada uma afronta pelos meios egípcios e por grande parte da sociedade.

Kerry, a mais importante autoridade dos Estados Unidos a visitar o Egito desde a queda do ex-presidente islâmico, enfatizou a necessidade de julgamentos justos e transparentes. O futuro de Mursi, no entanto, não esteve entre os principais assuntos discutidos com os seus parceiros egípcios no início de uma turnê que o levará a encontrar nos próximos dias com líderes israelenses e palestinos para relançar o processo de paz.

Ele condenou "todos os atos de violência" que ocorreram no país, mas mencionou especialmente os cometidos contra as forças de segurança e igrejas, ignorando a repressão policial nas manifestações pró-Mursi. Kerry ressaltou o fato de que o Egito está escrevendo uma nova Constituição.

"O Egito pode ser um exemplo de como um país pode prosperar se o seu povo escolher a democracia".

Nabil Fahmy reconheceu as tensões nas relações com Washington, mas descreveu o encontro como "muito positivo". Após a reunião com o seu homólogo, Kerry se reuniu com o presidente interino Adly Mansur e espera-se , em seguida, fazer o mesmo com Abdul-Fattah el-Sissi, chefe das Forças Armadas e ministro da Defesa, considerado o verdadeiro homem forte do Egito. Além disso, Kerry deve se reunir com representantes da sociedade egípcia.

A visita teve um alto grau de sigilo, num sinal de que as relações entre os dois países, aliados próximos de mais de três décadas, não estão em sua melhor fase. Enquanto Kerry passava pelas ruas da capital egípcia, a polícia e o exército reforçavam as medidas de segurança em todo o país para o início do julgamento de Mursi, que será realizado em uma delegacia de polícia perto da prisão de Tora.

Fontes do governo asseguraram à imprensa que Mursi irá ao julgamento, o que seria sua primeira aparição pública após o golpe de Estado de 3 de julho.

Durante sua turnê, Kerry visitará, entre outros países, Israel, Arábia Saudita, Marrocos e Jordânia. Em relação às negociações entre Israel e Palestina, o secretário de Estado manifestou a partir de Cairo o "compromisso" dos EUA com o êxito deste processo. Kerry reiterou sua oposição à construção de novos assentamentos nos territórios ocupados da Palestina, mas pediu discrição nesta fase inicial das negociações entre as partes.

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