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Um escândalo de corrupção, manifestações de professores e quebra-quebra em protestos nas cidades têm perturbado o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, em um momento no qual ele analisa se buscará a reeleição ou apoiará sua esposa para sucedê-lo.

Kirchner neste mês se viu forçado a demitir o chefe de uma agência reguladora, implicado num escândalo de suborno em obras públicas, e a pedir a renúncia do governador de Santa Cruz, sua província natal, onde uma longa greve de professores ganhou características violentas.

O presidente continua com aprovação superior a 50 por cento, e as pesquisas mostram que tanto ele como a senadora Cristina Fernández, sua esposa, derrotariam qualquer candidato da oposição na eleição de 28 de outubro.

Mas a campanha pode ser mais difícil do que muitos previam, e o possível anúncio da candidatura de Fernández foi adiado para junho ou julho, enquanto o casal avalia a situação.

"Néstor Kirchner acaba de entrar nos piores dias da sua presidência", escreveu Joaquín Morales Solá, colunista do influente jornal La Nación.

Kirchner assumiu em 2003, após uma profunda crise econômica que colocou milhões de argentinos na pobreza. Os quatro anos de seu mandato foram marcados por uma forte recuperação e por medidas econômicas polêmicas, como o controle de preços para controlar a inflação.

Seu mandato se caracterizou também por uma concentração de poderes nas mãos de poucas autoridades e os fatos recentes estão pondo à prova o controle de Kirchner.

Uma já antiga investigação sobre corrupção e evasão fiscal deu uma guinada dramática neste mês, quando investigadores descobriram gravações de áudio em um servidor de computadores da unidade argentina da construtora nórdica Skanska.

Em entrevistas gravadas com um auditor interno, gerentes da Skanska diziam que funcionários do governo haviam sido subornados para a construção de um gasoduto.

Kirchner demitiu imediatamente dois funcionários citados nas gravações -inclusive o chefe da agência reguladora do gás -, e na terça-feira seu subsecretário de Obras Públicas renunciou.

A oposição aproveitou o caso, aparentemente na esperança de que ele respingue num dos principais nomes do governo, o ministro do Planejamento, Julio De Vido.

"Está claro que estamos falando de uma teia de corrupção nas obras públicas. A cadeia de responsabilidade continua, e continua para cima", disse Adrián Pérez, deputado do partido ARI, de oposição.

Em Santa Cruz, a província do presidente, há grande revolta dos professores, em greve há várias semanas contra Kirchner. Na semana passada, a ministra do Desenvolvimento Social, Alicia Kirchner, irmã dele, foi atacada com ovos e farinha.

Dias depois, usuários de trens provocaram distúrbios em Buenos Aires, irritados com o serviço ruim dos trens, que são particulares mas subsidiados pelo Estado.

O ministro da Educação, Daniel Filmus, incapaz de acabar com a greve dos professores no sul, vai mal na sua campanha para ser prefeito de Buenos Aires. Kirchner enfrenta a humilhante possibilidade de que seu candidato fique em terceiro lugar na eleição de 3 de junho.

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