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La Paz – A Petrobrás "não dobrará" o governo do presidente boliviano Evo Morales e deverá sair do país se não submeter-se a todas as disposições da nacionalização do setor de energia, disse ontem o novo ministro do setor, Carlos Villegas. A dura advertência, apesar de ter sido acompanhada por um voto de confiança no êxito da via da negociação, ocorre apenas três dias depois que pressões da companhia brasileira forçaram a renúncia do ministro anterior, Andrés Soliz, substituído rapidamente por Villegas no que foi a primeira recomposição do ministério de Morales.

Villegas, habitualmente moderado, se mostrou surpreendentemente duro na cerimônia em que Soliz lhe entregou a chefia do Ministério dos Hidrocarbonetos. "A Petrobrás não nos dobrará, porque essa resolução (sobre a comercialização de hidrocarbonetos, que custou a renúncia de Soliz) se aplicará, no curso do processo de nacionalização", disse Villegas, que até a última sexta-feira era o ministro do Planejamento.

Soliz renunciou depois que o governo boliviano, enfrentando pressões da Petrobrás, que ameaçou até deixar o país, decidiu suspender a resolução ministerial que transferia à estatal boliviana YPFB todo o controle sobre a comercialização interna de combustíveis, negócio hoje controlado pela Petrobrás.

A resolução transferia o fluxo de caixa de duas refinarias da estatal brasileira na Bolívia para a YPFB, e sinalizava que ganhos considerados elevados da Petrobrás na atuação no setor de refino seriam considerados no cálculo para a indenização pela nacionalização.

Villegas insistiu que a resolução, que regulamentava algumas disposições incluídas no decreto de nacionalização de maio, não foi anulada, apenas suspensa para facilitar a negociação com a Petrobrás.

A assessoria de comunicação da Petrobrás informou que não iria comentar, no momento, as declarações do novo ministro.

Preocupação

O diretor da Agência Internacional da Energia (AIE), Claude Mandil, expressou ontem preocupação com as medidas de caráter nacionalista adotadas por países como Bolívia, Venezuela e Argélia no setor dos hidrocarbonetos. "É um fator de preocupação, porque o resultado principal pode ser e provavelmente será a redução da base de investimento nesses países", disse Mandil à imprensa após participar do seminário "Petróleo e Dinheiro", que termina hoje, em Londres.

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