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1. Questões políticas

"Ao fornecer ao Estado uma fonte de renda farta e fácil, o petróleo torna os impostos dispensáveis", explica Paul Collier, da Universidade de Oxford. Por um lado, o contribuinte paga menos. Por outro, o Estado ganha uma carta de alforria de empresários e extratos médios da sociedade. Antes da descoberta de petróleo no Kuwait, na década de 30, o clã Al Sabagh tinha de consultar um grupo de comerciantes para tomar decisões. Depois, a vontade do xeque virou lei. Algo semelhante aconteceu na Arábia Saudita. "Como antes não havia a necessidade de prestação de contas, hoje um terço dos ganhos obtidos com esse produto cobre os gastos da família real saudita, um terço retorna à petrolífera estatal e apenas o terço restante é usado para financiar serviços públicos", explica o economista Kenneth Rogoff, da Universidade de Harvard, nos EUA.

2. Corrupção

Segundo o FMI, todos os anos 20% dos US$ 5 bilhões pagos pelo setor petrolífero ao governo de Angola desaparecem em contas bancárias particulares. Enquanto isso, dois terços da população vive com menos de US$ 1 dólar ao dia e, por falta de investimentos em saúde e saneamento básico, uma criança morre a cada minuto no país. "As ONGs pressionam as empresas petrolíferas a publicarem os pagamentos que faziam para governos problemáticos, mas os governos é que deveriam prestar contas", acha o economista Michael Renner, pesquisador do World Watch Institute, com sede em Washington.

3. Conflitos internos

Governos e grupos rebeldes gastam fortunas se armando para garantir sua fatia das riquezas. Calcula-se que para cada 5% a mais de participação do petróleo nas exportações de um país, haja um aumento de 1,6% em seus gastos militares. Como demonstra a experiência de Angola e do Sudão, em Estados com instituições frágeis e disputas territoriais acirradas, tal militarização pode ter efeitos explosivos.

4. Questões econômicas

Trata-se de um fenômeno que recebeu o nome de "doença holandesa", porque foi observado pela primeira vez na Holanda da década de 60, após a descoberta de imensas jazidas de gás natural no país. Basicamente, a venda do petróleo inunda o mercado interno com divisas e valoriza a moeda local. Isso estimula as importações e torna os produtos nacionais mais caros e menos competitivos. É a combinação da falta de investimentos com a queda das vendas externas e a feroz competição com os importados que leva à ruína produtores de diversos setores. "O problema é que a indústria petrolífera gera poucos empregos para a população local e você não irá ouvir falar em um pequeno empreendedor que resolveu abrir uma microempresa de prospecção de petróleo", diz o economista Michael Renner.

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