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Curitiba – A América Latina perdeu espaço no mercado de créditos de carbono. É o que mostra um relatório do Banco Mundial divulgado durante a Expo Carbono Ásia 2006 em Pequim. A região ficou apenas com 9% do mercado de carbono neste ano, contra os 19% de 2005. Neste cenário, os especialistas consideram o Brasil uma exceção, já que o país lidera o mercado regional abocanhando 4% na venda de direitos de emissões poluentes.

Enquanto a América Latina "sofre" para conquistar espaço, a China desponta como líder, respondendo por 60% das vendas de crédito para emissão de carbono no mundo. Na vice-liderança do ranking está a Índia, que cresceu meteoricamente nesse mercado ampliando sua fatia de 3% (2005) para 15% (neste ano), aponta o relatório.

É natural que a China lidere o mercado de crédito de carbono, diz Luiz Gylvam Meira Filho, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP). Grande consumidor de carvão, o país se compromete a usar energia "limpa" e vende suas cotas de poluição. A expectativa é de que, mesmo assim, haja redução no efeito estufa e em fenômenos como o derretimento de geleiras.

Meira Filho explica que, apesar da liderança de Pequim, quem dita o preço do mercado de carbono no mundo não é a China e tão pouco o Protocolo de Kyoto (que tem adesão de mais de 150 países), mas sim os órgãos da União Européia que emitem permissões de emissão de gases poluentes. "Com o número limitado de permissão de emissões, muitas empresas são obrigadas a comprar certificados conferidos a países em desenvolvimento."

Marcelo Alexander, gerente comercial da Econergy Brasil, empresa que presta serviços no setor, aponta que há muita oferta e pouca demanda. "No caso chinês, o que se quer é pelo menos fixar um preço mínimo para a tonelada de CO2 para evitar quedas." No mercado europeu, a tonelada de carbono vale de 8 a 10 euros para entrega em 2007/2008.

Para a argentina Graciela Chichilnisky, que fez parte da equipe que criou o mecanismo do mercado de carbono para o Protocolo de Kyoto e atua como professora de Estatística da Universidade de Columbia (EUA), a emissão de gases poluentes na China é pequena se comparada ao que ocorre nos EUA.

Os 9% de mercado conquistados pela América Latina não estão fora de padrão, diz Meira Filho. "Se levarmos em conta o quanto poluímos, nosso mercado de crédito de carbono deve ficar em torno de 10% a 12%."

A longo prazo, o Brasil se consolidará como a terceira fonte de créditos no mundo, atrás da China e da Índia, considera Alexander. A Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima (órgão governamental brasileiro) desenvolve um bom trabalho na aprovação dos projetos de MDL no Brasil, afirma. O especialista argumenta que os projetos têm condições de ser implantados efetivamente. "Ao passo que os projetos na Índia e na China são na verdade esboços e idéias".

Graciela diz que há muita incerteza sobre o que irá ocorrer com o Protocolo de Kyoto, que vigora há 20 meses e deve ser reformulado. "Temos muito trabalho pela frente e precisamos que os EUA ratifiquem o tratado para que os resultados sejam mais efetivos."

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