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Caixa manipula notas de euro em supermercado de Riga, capital da Letônia: moeda circula no país desde 1º de janeiro | Ints Kalnins/Reuters
Caixa manipula notas de euro em supermercado de Riga, capital da Letônia: moeda circula no país desde 1º de janeiro| Foto: Ints Kalnins/Reuters

2 milhões de habitantes tem a Letônia, em um território diminuto de 64,5 mil quilômetros quadrados. O país teve crescimento robusto de 5,5% em 2011 e de 5,6% em 2012, o melhor desempenho da UE, e seu PIB chegou a US$ 28,4 bilhões. Apesar disso, em termos de dimensão econômica, só ficará à frente do Chipre (US$ 23 bilhões), da vizinha Estônia (US$ 22 bilhões) e da ilha de Malta (US$ 9 bilhões) entre seus futuros parceiros na zona do euro.

Ajustes

País se tornou mais competitivo, porém, sacrificou a população

A moeda da Letônia, o lats, participa do mecanismo de câmbio europeu desde 2005, ou seja, por muito mais tempo que o período mínimo exigido de dois anos para solicitar entrada no euro. Nos 24 meses que precederam o relatório de avaliação da UE, o lats flutuou dentro da margem estabelecida de 1% para cima ou para baixo e não passou por momentos de tensão. O balanço externo letão sofreu um ajuste significativo durante a crise, proporcionado também por melhoras na competitividade externa, segundo a UE. No entanto, a população foi submetida a sacrifícios tão grandes quanto o progresso feito pelo país nos últimos anos.

  • Ex-premiê Valdis Dombrovskis renunciou em novembro

A Letônia, que ingressou na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 1999 e na União Europeia (UE) em 2004, tornou-se o 18.º integrante da zona do euro em 1.º de janeiro. A economia da ex-república soviética, equivalente a cerca de metade da do Uruguai, cresceu em ritmo chinês de 10% em 2006 e 2007, antes de entrar em recessão no ano seguinte e encolher cerca de 25% no triênio encerrado em 2010.

Embora tenha recebido forte assistência da UE, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de outros doadores externos, a Letônia ainda não conseguiu se recuperar do período pré-crise. Além disso, as impopulares medidas de austeridade que o país pôs em prática garantiram sua adesão à moeda única europeia, mas também contribuíram para a queda do governo de Valdis Dombrovskis.

Como resultado das ações implementadas na Letônia, o déficit fiscal do país, que em 2010 correspondia a 8,1% do Produto Interno Bruto (PIB), recuou para 1,2% em 2012 e deverá permanecer nesse nível este ano, de acordo com projeções recentes. O nível de dívida geral do país também é considerado relativamente bom, a 40,7% do PIB em 2012, em comparação, por exemplo, com 156,9% na Grécia, 127% na Itália, 117,4% na Irlanda, 90,2% na França e 86,0% na Espanha.

Na avaliação de Timothy Ash, chefe de pesquisa de mercados emergentes do Standard Bank, o ajuste feito na Letônia foi de fato gigantesco. "O país teve um enorme progresso nos últimos anos e cumpriu todas as condições do (Tratado de) Maastricht, reduzindo a inflação, saneando as finanças públicas e melhorando sua competitividade", disse. O Tratado de Maastricht regulamenta a permanência dos países na UE.

Inflação

A taxa média de inflação em 12 meses da pequena república báltica foi de 1,3% em abril, bem menor que a meta do Banco Central Europeu (BCE), situada ligeiramente abaixo de 2%. E a taxa de juros média de longo prazo ficou em 3,8% no mesmo período, abaixo do valor de referência de 5,5%.

Em relatório publicado em junho, a Comissão Europeia, braço executivo da UE, concluiu que a Letônia "atingiu um alto grau de convergência econômica sustentável com a zona do euro, qualificando-se a adotar o euro a partir do início de 2014". Há previsões de que a Letônia seja a economia de crescimento mais rápido na UE neste ano.

Austeridade derrubou primeiro ministro

O programa de ajuda à Letônia, capitaneado pela UE e FMI, foi concluído no final de 2011. Em troca do auxílio, o governo do então primeiro-ministro, Valdis Dombrovskis, não apenas garantiu a forte redução do déficit orçamentário e prometeu continuar trilhando o caminho da responsabilidade fiscal, como também privatizou a maioria das empresas, bancos e imóveis estatais e cortou os salários do funcionalismo público em até 40%.

O empenho do governo letão levou Dombrovskis a ser considerado um dos premiês mais bem sucedidos na UE. Ironicamente, porém, foi uma medida de austeridade secundária que precipitou sua queda do poder: os cortes nos gastos com inspeção de construções.

No final de novembro, Dombrovskis renunciou após o desabamento do teto de um supermercado na capital, Riga, causar a maior tragédia no país desde o esfacelamento da antiga União Soviética, com um total de 54 mortos. Em mensagem postada no Twitter, Dombrovskis assumiu "total responsabilidade" pelo acidente.

O político de centro-direita, de 42 anos, estava no cargo desde 2009 e foi o primeiro-ministro mais longevo da Letônia no período pós-independência.

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