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Quando lançou seu primeiro videoclipe, o músico de Mumbai Mihir Joshi sabia que ele seria analisado pela Comissão Central de Certificação Cinematográfica da Índia, para verificar se as letras eram obscenas ou ofensivas. Quando a Comissão se opôs a uma única palavra, ele rapidamente concordou em retirá-la.

Porém, ficou surpreso ao saber que a palavra era "Bombay" (Bombaim em inglês)."Eu comecei a rir e disse, 'Ao que você está se referindo?'", diz Joshi, de 33 anos.

O vídeo da música foi transmitido no canal a cabo MTV Indies em um fim de semana recente com o nome incorreto do lugar substituído por um sinal sonoro e um borrão no subtítulo. "Não tenho nada contra a palavra 'Mumbai'. Não a chamei de 'Constantinopla' ou 'Atlântida' ou coisa do tipo."

Ele escolheu "Bombay" porque precisava de uma palavra que rimasse com determinada outra. Mas com essa escolha, Joshi acabou entrando em um cabo de guerra não resolvido sobre história e identidade da Índia.

Mumbai, palavra que vem da língua marata, é o nome oficial da cidade de Joshi desde 1995, quando o partido político nativista no poder escolheu-o para substituir o anglofônico Bombay, usado desde os tempos coloniais.

Alguns continuam usando Bombaim por hábito ou inércia — a bolsa de valores da cidade ainda carrega esse nome, por exemplo. Outros o utilizam como uma declaração política, rejeitando o que consideraram uma política xenófoba por trás da mudança.

Embora essa divisão gere desentendimentos regulares em talk shows, o caso de Joshi era incomum porque envolveu um artista que tomou uma bronca por usar Bombay.

"Se o nome da cidade foi alterado, é justo que usemos o nome novo", disse Meenal Baghel, editor do jornal The Mumbai Mirror. "Mas ele precisava ter sido censurado como se fosse um palavrão? Isso é ridículo."

A decisão do censor atraiu críticas consideráveis e escárnio, mas um alto funcionário da Comissão, Pahlaj Nihalani, disse que apoiou a decisão que foi tomada por seu antecessor. (Nihalani tornou-se presidente da Comissão em janeiro.)

"Dada a controvérsia passada sobre o uso de Bombay em filmes, isso poderia ter sido evitado", disse Nihalani ao jornal The Hindu. "Existem alguns indivíduos que tentam deliberadamente criar controvérsia ao usar Bombay, só pensando nas perspectivas futuras."

Joshi, por sua vez, estava se adaptando ao seu novo status como um caso de estudo. Ele alterna o uso dos dois nomes — seu álbum se chama "Mumbai Blues" — e se descreve como um ser tão apolítico que lê apenas as seções de esporte e entretenimento do jornal. A música em questão, "Sorry", foi escrita como um lamento imaginário de um pai para sua filha, escrita no aniversário de um estupro brutal em Nova Deli.

Joshi questionou as prioridades da Comissão de censura. Comentando que não bebe nem fuma e que raramente usa palavras de baixo calão, ele diz: "Olhe para as músicas que estão saindo em Bollywood, uma canção que diz 'Eu sou um alcoólico' e outra que fala 'a erva deste lugar é a melhor que há'. Se tudo isso é aceitável e pode ser usado, e as pessoas ouvem e dançam, por que usar a palavra 'Bombay' pode ser um problema?"

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