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Desprezo pelos líderes do mundo árabe é o sentimento comum entre os xiitas libaneses que tiveram suas casas destruídas no conflito entre Israel e o Hezbollah, mas o apoio e a admiração deles pela Síria e o Irã nunca foram tão grandes.

Washington esperava que a guerra de Israel contra o Hezbollah abalaria a influência de Damasco e Teerã na região. Entretanto, após cinco semanas de bombardeios, os moradores de Nabatiyeh, no sul do Líbano, continuam a respeitar a Síria e o Irã e estão furiosos com os governantes árabes.

- Desde o primeiro dia os árabes ficaram de fora, assistindo - disse Mohammed Shaaban, de 68 anos, um empresário aposentado, enquanto avaliava a destruição em sua casa de três andares. - Eles deveriam ter adotado uma posição mais forte, mas têm suas próprias justificativas.

Os países de maioria muçulmana sunita como Arábia Saudita, Egito e Jordânia - todos aliados dos EUA - criticaram inicialmente o Hezbollah por ter provocado uma guerra com Israel em que mais de 1.250 pessoas morreram. Diante da indignação pública doméstica contra a conduta de Israel no conflito, eles adotaram posições mais duras contra o Estado judaico, alertando os EUA de que o militarismo israelense poderia levar a um conflito mais amplo na região.

Nabatiyeh foi atingida por bombardeios pesados israelenses, principalmente nas horas que antecederam o início de um trégua na segunda-feira. Casas na periferia da cidade, onde fica a residência de Shaaban, foram atingidas em cheio.

Os xiitas que vivem em Nabatiyeh disseram que a Síria recebeu bem muitos de seus refugiados e que o Irã resistiu aos EUA e Israel. Alguns afirmaram que o Irã financia o Hezbollah, embora Teerã diga que seu apoio ao grupo guerrilheiro xiita é apenas moral e político, embora admita ter armado a milícia nos anos 1980.

O presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou esta semana que o Hezbollah havia saído vitorioso na guerra e destruído os planos dos EUA de remodelar o Oriente Médio. O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, elogiou a resistência do Hezbollah contra Israel e disse que os EUA e a Grã-Bretanha deveriam pagar compensações pelos estragos da guerra.

Tanto o Egito quando a Jordânia assinaram tratados de paz com Israel. O Catar, que ocupa temporariamente um assento no Conselho de Segurança da ONU, mantém relações diplomáticas limitadas com o Estado judaico.

- Os governantes árabes são todos agentes de Israel. Eles têm medo de perder seus assentos (no poder) - disse Ahlam Moselmani. - O mínimo que podiam ter feito era ter retirado seus embaixadores de Israel. Ou cortado o fornecimento de petróleo.

A Arábia Saudita descartou o uso de um embargo petrolífero para pressionar Washington, afirmando que o petróleo garante o sustento econômico dos países árabes.

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