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O Líbano pode levar dez anos para retirar todas as bombas de fragmentação não-detonadas que foram lançadas por Israel durante a guerra de 34 dias, informou nesta sexta-feira um grupo britânico especializado na remoção de minas terrestres.

- Vamos continuar retirando munições de fragmentação dos escombros dos vilarejos no Sul do Líbano por mais uma década - disse o diretor da LandMine Action, Simon Conway. - Essa é a triste realidade.

Antes da guerra de julho entre Israel e os guerrilheiros do Hezbollah, equipes ainda removiam explosivos não-detonados remanescentes das incursões israelenses de 1978 e 1982 no Líbano, segundo o grupo ativista. A entidade faz campanha para que o uso desse tipo de armamento seja proibido em todo o mundo.

De acordo com a organização, essas armas continuam matando e mutilando civis, especialmente crianças, anos depois do fim do conflito. As bombas de fragmentação contém centenas de pequenas ogivas que se espalham e provocam explosões isoladas.[Imagem da destruição num subúrbio de Beirute, após o conflito entre Israel e Hezbollah]

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que cem mil dessas pequenas ogivas estejam no Líbano sem terem sido detonadas. A maioria foi lançada nas últimas 72 horas da guerra, que foi interrompida no dia 14 de agosto por um cessar-fogo mediado pela ONU.

O coordenador dos serviços de emergência da ONU, Jan Egeland, já chamou Israel de "completamente imoral" por ter usado esse tipo de armamento em áreas residenciais.Pior que Kosovo

- Meu entendimento, pelo que conversei com as pessoas no Sul do Líbano, é de que a escala da contaminação por bombas de fragmentação é muito maior do que a observada em Kosovo, no Afeganistão e no Iraque - disse Conway, que já retirou minas terrestres de locais como Camboja, Kosovo e Afeganistão.

Israel nega ter usado as armas de forma ilegal e acusa o Hezbollah de ter lançado foguetes contra áreas civis de seu território. As Forças Armadas israelenses usaram três tipos de bombas de fragmentação no Líbano - duas fabricadas pelos Estados Unidos (M42 e M77) e uma israelense (M85). Todas têm mais ou menos o mesmo índice de falha, de 40%.

Até agora, a ONU localizou 400 lugares em que foram usadas bombas de fragmentação, "muitas delas de fabricação americana", segundo o coordenador dos esforços humanitários da ONU no Líbano, David Shearer.

As equipes de retirada de minas da ONU destruíram até agora 2.900 submunições.

- Atualmente, uma pessoa é morta por dia e três ficam feridas por munições de todos os tipos - disse Shearer a repórteres.

Cerca de cem especialistas na remoção de explosivos, provenientes da Suécia, da Grã-Bretanha e da Nova Zelândia, serão mobilizados até o fim da semana, afirmou Shearer. Ele disse esperar um envolvimento maior da Unifil (força da ONU no Sul do Líbano), à medida que seu contingente for reforçado.

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