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Cidadãos comemoram depois de oração na Praça dos Mártires, em Trípoli, capital da Líbia: democracia e eleições à vista | AFP
Cidadãos comemoram depois de oração na Praça dos Mártires, em Trípoli, capital da Líbia: democracia e eleições à vista| Foto: AFP

Tunísia

Partido islâmico tem a preferência

FolhapressA Tunísia, vanguarda da chamada Primavera Árabe, vota hoje para eleger uma Assembleia Constituinte, histórica eleição nove meses depois da queda de Zine El Abidine Ben Ali, expulso por um movimento popular após 23 anos de poder absoluto.

Milhares de pessoas lotaram ontem um estádio num subúrbio pobre de Túnis para o comício final do partido islâmico Nahda, que lidera as pesquisas de opinião. O clímax foi o discurso do líder do Nahda (renascimento, em árabe), Rachid Ghannouchi, que falou diante de dezenas de câmeras da imprensa estrangeira. Num discurso cuidadoso, ele buscou afastar os temores de que seu partido almeja a instalação de um Estado religioso na Tunísia. "Queremos atingir a modernidade como muçulmanos", enfatizou Gannouchi, para uma plateia repleta de mulheres cobertas com o véu islâmico. "Com o Nahda no poder, as mulheres terão mais direitos do que hoje."

A votação deste domingo definirá a composição da assembleia encarregada de redigir a nova Constituição da Tunísia. A polarização entre secularistas e islamitas marcou a campanha eleitoral. Com 30% das intenções de voto, segundo as pesquisas de opinião, o Nahda promete conciliar democracia e islã, mas boa parte do eleitorado não crê que a combinação seja possível.

Banido durante os anos de ditadura de Zine Ben Ali, que fugiu do país em janeiro após um mês de protestos populares, o Nahda ganhou a dianteira na corrida eleitoral graças a uma melhor organização, além do discurso conservador e anticorrupção.

Após décadas vivendo sob uma ditadura de partido único, os tunisianos correm o risco de sentir vertigem diante da profusão de opções quando forem às urnas. Nada menos do que 110 partidos concorrem às 217 cadeiras da Assembleia Constituinte, que redigirá a nova Carta e escolherá o sistema político do país.

Folhapress

Os líbios deverão poder votar dentro de oito meses para eleger um conselho nacional, que irá elaborar uma nova constituição e formar um governo interino, disse o primeiro-ministro Mah­­moud Jibril ontem. Após a morte de Muamar Kadafi nesta semana, a prioridade é remover armas das ruas da Líbia, restaurar a estabilidade e a ordem e começar um processo de reconciliação nacional, afirmou Jibril no Fórum Econômico Mundial, na Jordânia.

"A primeira eleição deve acontecer dentro de um período de oi­­to meses, no máximo, para constituir um congresso nacional na Líbia, algum tipo de Parla­­mento", disse ele. "Esse congresso nacional teria duas tarefas: elaborar uma constituição, sobre a qual teríamos um referendo, e, segundo, formar um governo interino para durar até que as primeiras eleições presidenciais sejam realizadas."

O Conselho de Transição Na­­cional (CTN) da Líbia disse que planeja declarar a total "liberação" do país no domingo, após o assassinato de Kadafi por combatentes que invadiram Sirte, sua cidade natal. Jibril disse que a morte de Kadafi fez com que ele se sentisse "aliviado e renascido", alcançando o objetivo principal que unia milícias e batalhões do Exército contra forças leais ao líder desde que a insurgência co­­meçou, em fevereiro. A estabilidade exigirá que o CNT – constituído por liberais seculares, islamistas e anciãos tribais – prove disposição para conciliação, uma qualidade detestada durante o regime ditatorial de Kadafi. O progresso dependerá de duas coisas, disse Jibril, que afirmou também que espera poder renunciar ainda neste sábado. "Primeiro, que tipo de determinação o CNT mostrará nos próximos dias, e a outra coisa depende principalmente do povo líbio: se eles diferenciam o passado e o futuro", afirmou. "Eu estou contando com eles para olhar adiante e lembrar o tipo de agonia que eles passaram nos últimos 42 anos." Jibril disse que o país do norte da África – que Kadafi transformou em grande exportador de energia – precisa de visão para encontrar outra fonte de renda, porque a Líbia já consumira 62 por cento de seu petróleo. "Nós precisamos aproveitar essa oportunidade muito limitada", afirmou. "Nós deveríamos usar esse momento apropriadamente para construir uma economia alternativa o mais rápido possível."

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