• Carregando...

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, venceu nesta quinta-feira uma batalha interna contra o mais controverso integrante de seu partido: Julius Malema, líder da Liga Jovem do Congresso Nacional Africano (CNA) e ex-aliado do governante, foi condenado à suspensão por cinco anos em um julgamento disciplinar por provocar divisões na legenda e prejudicar sua reputação. Malema também foi condenado a deixar a liderança da Liga Jovem, para a qual fora eleito em 2008. Ele tem 14 dias para apelar da decisão.

Malema era julgado há mais de três meses por ter questionado a capacidade de liderança de Zuma e por ter defendido a substituição do governo de Botswana, posição contrária à do CNA. O político de 30 anos, ativo no partido desde a adolescência, ajudou Zuma a chegar à Presidência em 2009, mas passou a se opor ao presidente, acusado por ele de ignorar os pobres que foram fundamentais para sua eleição.

Seu afastamento é considerado um alívio para o presidente, que em 2012 enfrentará eleições que decidirão sobre sua permanência na liderança do CNA - partido que governa a África do Sul desde 1994, quando Nelson Mandela foi eleito. Malema já havia sido punido no partido em 2010 por incitar seus partidários a cantarem uma música do período do Apartheid que dizia "atire no fazendeiro branco" (shoot the boer).

"Os atos de conduta errada pelos quais o acusado foi considerado culpado são muito sérios e prejudicaram a integridade do CNA e a reputação internacional da África do Sul", afirmou Derek Hanekom, chefe do comitê que julgou Malema.

Para os analistas, as críticas de Malema continuarão na agenda

Seu destino agora é incerto, mas analistas acreditam que sua mensagem continuará presente na agenda política sul-africana. Há duas semanas, o agora ex-líder da Liga Jovem do CNA reuniu 5 mil pessoas em uma marcha entre Johannesburgo e Pretória para exigir a nacionalização de minas e outras propriedades privadas.

"O que quer que façam com Malema, as grandes questões que ele levantou e o que ele representa não vão sumir. A pobreza, a desigualdade e o desemprego continuam", avaliou a economista Christie Viljoen.

Malema não compareceu ao anúncio da sentença - a Liga Jovem alegou que ele estaria fazendo provas na universidade - e ainda não se pronunciou. Embora a punição contra ele seja passível de recurso, a decisão já é avaliada como um trunfo para Zuma.

"É obviamente bom para o CNA, para sua imagem, sua coerência interna e a reputação de sua liderança. O comportamento grosseiro e imponente da Liga Jovem e o envolvimento de seus líderes nas críticas ao setor público, atrás de uma fachada de representação do interesse dos pobres e marginalizados, prejudicou profundamente a reputação e os principais valores do CNA", avaliou o analista político Nic Borain.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]