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Muçulmanos xiitas em Nova Délhi, na Índia, participam de protesto contra o conflito em território iraquiano, onde militantes sunitas dominam região que faz fronteira com a Síria | Anindito Mukherjee/Reuters
Muçulmanos xiitas em Nova Délhi, na Índia, participam de protesto contra o conflito em território iraquiano, onde militantes sunitas dominam região que faz fronteira com a Síria| Foto: Anindito Mukherjee/Reuters

Opinião

Jovens iraquianos devem impulsionar mudanças políticas

Guilherme de Vasconcellos Almeida, professor de História, autor do blog historiahoje.com.br

As discussões entre as ideologias radicais, sendo elas de bases sunitas, xiitas ou curdas, como ocorre no Iraque, que puxam para si a "verdadeira" saída para um futuro promissor, não passam de ideias torpes que o tempo se encarrega de mostrar como erros e abusos.

Foi assim durante os grandes conflitos que assolaram a Palestina desde a fundação do Estado de Israel em 1947, dentre eles a Guerra de Suez, a Guerra dos Seis dias, do Yom Kippur, Intifadas etc. Todos, sem exceção, nos mostram os equívocos de ideologias viscerais que tentam dar um novo rumo às crises sem consulta, ou mesmo sem apoio popular.

O Iraque após a invasão, ingerência e retirada dos EUA, mergulhou num caos. E do caos normalmente não florescem coisas boas.

O que vemos com o fortalecimento a cada dia do Estado Islâmico (EI) é esta mesma coisa. O EI criou um califado em terras do norte do Iraque e fronteiras com a Síria, cuja autoridade politica e religiosa (teocrática) se concentra nas mãos do califa, que nesse caso é o próprio líder do violento grupo sunita, Abul Bakr al-Baghdadi.

Baghdadi tomou para si o título de "líder de todos os muçulmanos" declarando que "a legalidade de todos emirados, grupos, Estados e organizações fica anulada pela expansão da autoridade do califa e a chegada das tropas a suas áreas".

Isso nos mostra, mais uma vez, que há tempos não existe uma união entre as lideranças muçulmanas em prol de um objetivo único e bom para todos (se é que um dia houve). Esses que se dizem lideres máximos dos muçulmanos, arautos da boa fé, não passam de radicais que se utilizam do caos e da fragilidade social para fazer valer vontades insanas.

Não são os sunitas ou os xiitas ou os curdos radicais, são minorias dentro de cada um desses grupos que bagunçam a delicada estabilidade do Oriente Médio.

Uma ofensiva militar contra os militantes sunitas é inquestionável, mas deve vir junto com uma solução política que integre de forma eficaz, xiitas, sunitas e curdos. Algo muito diferente do governo do fraco líder xiita e atual premiê iraquiano Nuri al-Maliki.

O povo iraquiano está esgotado. Ao que parece, precisa ver ruir todas as possibilidades de ações violentas de grupos armados para erguer a cabeça e criar um Estado de pluralismo político que dê liberdades individuais e coletivas e levar uma vida sem medo.

A juventude que soma 70% da população tem que ser o motor propulsor dessa mudança. Juventude essa que deve usar os resultados de anos de ideologias falidas e violentas que nada deram de bom, só deixaram dor e medo, para criar de fato um país.

O presidente da região autônoma do Curdistão iraquiano, Massoud Barzani, pediu ontem ao Parlamento que fixe uma data para realizar um plebiscito nas zonas em disputa com Bagdá, como primeiro passo para uma futura consulta de independência.

Barzani segue assim com sua iniciativa de realizar um plebiscito apesar de ontem o primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, rejeitar essa possibilidade "inconstitucional" e pedir aos curdos que não se aproveitem da atual crise para tentar a independência.

Em uma sessão da câmara, Barzani pediu aos deputados curdos que tramitem "o mais rápido possível" um projeto de lei para que o governo regional forme uma comissão eleitoral que supervisione o plebiscito nas zonas em disputa – como na cidade petrolífera de Kirkuk.

O deputado curdo e membro do partido de Barzani, Mohama Khalil, explicou que primeiro será realizada uma consulta nessas zonas para que determinem se aderem ao Curdistão ou continuam dependendo de Bagdá.

Depois disso, uma vez estabelecidas as novas fronteiras da região autônoma, será realizado um plebiscito sobre a independência do Iraque.

"A vontade do povo curdo é a declaração de um estado curdo", assegurou o parlamentar, que acrescentou que não querem "seguir sendo reféns de Bagdá".

Há dois dias, Barzani já anunciou planos para realizar nos "próximos meses" um plebiscito sobre a independência dessa região autônoma, alegando que é um direito dos curdos.

Por outro lado, o presidente curdo insistiu ontem que as forças de segurança curdas, conhecidas como "peshmergas", não vão se retirar das zonas disputadas que controlam agora após a fuga do Exército iraquiano, como é o caso de Kirkuk.

Iraque persegue grupos de apoio aos rebeldes plantados em Bagdá

Reuters

Insurgentes iraquianos estão se preparando para um ataque a Bagdá, com grupos plantados dentro da capital preparados para avançar e ajudar os combatentes vindos da periferia, de acordo com autoridades de segurança iraquianas e norte-americanas.

Combatentes sunitas tomaram vastas porções do norte e do oeste do país, em um avanço relâmpago em três semanas, e dizem que estão rumando para a capital, uma cidade de 7 milhões de pessoas ainda marcada pelos intensos combates de rua entre regiões sunitas e xiitas durante a ocupação dos Estados Unidos.

O governo diz estar cercando os rebeldes na cidade para ajudar a proteger a capital. Grupos paramilitares xiitas dizem estar auxiliando as autoridades. Alguns moradores sunitas dizem que a repressão está sendo usada para intimidá-los.

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