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O líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, defendeu, neste domingo (27), "o conceito de democracia islâmica" que rege o Irã, na sessão de constituição da nona legislatura do parlamento do país.

A principal característica da nova formação da Câmara, que saiu das eleições do dia 4 de maio, é que dois terços das cadeiras são ocupadas por deputados sem experiência parlamentar e que podem surpreender com suas posturas, já que cada um é eleito de maneira independente, sem estar submetido a uma disciplina partidária.

Em cerimônia também assistida por deputados da legislatura anterior, os basij (voluntários islâmicos) distribuíram flores a todos os presentes, entre eles o presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, o enviado de Khamanei, aiatolá Mohamadi Golpayegani, além do chefe do Poder Judiciário e dos influentes conselhos do regime, assim como alguns representantes diplomáticos.

Após a recitação do Corão e a interpretação do hino nacional, os 262 deputados presentes juraram seus cargos. Depois, foi designada uma mesa, liderada por Ali Reza Marandi, para dirigir a Câmara até a escolha de seu presidente em uma sessão posterior.

Em nome de Khamenei, Golpayegani leu uma mensagem ao Legislativo para defender "o conceito de democracia islâmica", que rege a República Islâmica do Irã, e pediu aos deputados que cumpram seus "compromissos com o todo-poderoso" e deixem de lado seus interesses particulares em sua atuação na Câmara.

Com a eleição deste novo legislativo, que o líder considera "um pilar" do sistema para os próximos quatro anos, "a nação iraniana manda uma mensagem firme ao mundo (...) de sua vontade de vencer a animosidade dos inimigos e construir um sistema único baseado na Revolução Islâmica".

Por sua vez, Ahmadinejad, que também se dirigiu à Câmara, afirmou aos novos deputados que "o povo iraniano é o melhor na história e no mundo" e que tanto o Executivo como o Legislativo da República Islâmica foram "escolhidos para servir ao povo".

Ahmadinejad, que há dois anos perdeu o respaldo do parlamento anterior e previsivelmente terá dificuldades com o novo, manifestou seu desejo de que não ocorram interferências entre os poderes do Estado: "Não é correta nem a ingerência do Executivo no Legislativo nem o contrário", disse o governante.

"Não é conveniente se intrometer no trabalho dos demais", acrescentou Ahmadinejad, que defendeu que "todos tenham a mesma missão e sejam complementares", em uma aparente tentativa de ganhar apoio dos deputados.

No entanto, de acordo com o registro prévio de cada parlamentar, é possível ver quase 80% deles entre os ultraconservadores que apoiam Khamenei e que se opõem a Ahmadinejad, tachado por seus detratores de desviacionista, de colocar em dúvida a primazia religiosa no sistema, de irregularidades e corrupção.

Tudo isso aponta que Ahmadinejad terá graves problemas com o Legislativo, sobretudo em matéria econômica, no ano que lhe resta na Presidência, apesar de ter tentado insistentemente nos últimos dias fazer alianças com os novos deputados.

No âmbito político, esta foi a eleição mais restrita nos 33 anos de história da República Islâmica, já que os opositores não religiosos estão vetados, os reformistas islâmicos são marginalizados e os partidários de Ahmadinejad anulados por seus adversários.

Deste modo, a linha clerical xiita de Khamenei parece optar por uma radicalização política e social.

Após o ato na Câmara, os deputados e personalidades presentes foram ao mausoléu do aiatolá Khomeini para assistir a uma homenagem em sua memória.

Em uma sessão posterior, será designado o presidente desta legislatura. Os principais candidatos são Gholam Ali Haddad Adel, consogro de Khamenei e deputado mais votado em Teerã, e o atual chefe do Parlamento, Ali Larijani, também próximo ao líder e com enorme influência no setor principalista do regime.

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