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Líder supremo do Irá, aiatolá Ali Khamenei durante reunião em Teerã. "Nem o regime nem a nação vão se render à pressão, a nenhum custo" | Iranian Supreme Leaders Website / AFP Photo
Líder supremo do Irá, aiatolá Ali Khamenei durante reunião em Teerã. "Nem o regime nem a nação vão se render à pressão, a nenhum custo"| Foto: Iranian Supreme Leaders Website / AFP Photo

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, declarou nesta quarta-feira (24) que o resultado da eleição, questionado pela oposição, vai ser mantido, apesar dos protestos de rua que as autoridades iranianas atribuem ao incitamento dos Estados Unidos e Grã-Bretanha.

A oposição se recusa a aceitar a decisão. O clérigo reformista Mehdi Karoubi, o último colocado na eleição presidencial do dia 12, qualificou o novo governo de "ilegítimo" e cerca de 200 manifestantes enfrentaram nesta quarta-feira o esquema de segurança repressivo perto do Parlamento.

A polícia antidistúrbios usou gás lacrimogêneo para pôr fim ao protesto. A polícia e a milícia pró-regime conseguiram amplamente retomar o controle das ruas esta semana depois das maiores manifestações antigovernamentais desde a Revolução Islâmica, em 1979.

A liderança ultraconservadora se recusa a fazer concessões.

"Eu insisti e vou continuar a insistir na implementação da lei na questão da eleição", disse Khamenei, a figura mais poderosa no Irã. "Nem o regime nem a nação vão se render à pressão, a nenhum custo."Os protestos expuseram divisões sem precedentes dentro do sistema clerical. O moderado ex-primeiro-ministro Mirhossein Mousavi insiste que perdeu a eleição por causa de fraude em favor do presidente conservador Mahmoud Ahmadinejad, que foi reeleito.

Khamenei normalmente se mantém acima de divergências políticas, mas se posicionou fortemente ao lado de Ahmadinejad, enquanto Mousavi tem o apoio do poderoso ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, um pragmático, a favor de uma política externa menos direcionada para o confronto.

Mousavi e Rafsanjani se reuniram com um grupo de parlamentares nesta quarta-feira. A agência de notícias semi-oficial Fars informou somente que a eleição e os últimos desdobramentos foram debatidos e não ficou claro se os dois estavam tentando fazer as pazes com o Parlamento, dominado pelos ultraconservadores, ou buscando obter seu apoio.

Culpa estrangeira

O governo de Ahmadinejad atribui os protestos a potências estrangeiras.

"A Grã-Bretanha, os Estados Unidos e o regime sionista (Israel) estavam por trás da recente agitação em Teerã", disse o ministro do Interior, Sadeq Mahsouli, segundo a agência Fars.

O chanceler Manouchehr Mottaki afirmou que o Irã está avaliando se vai reduzir o nível das relações com a Grã-Bretanha depois que cada um dos dois países expulsou dois diplomatas esta semana. Ele também anunciou que "não tem planos" de comparecer a uma reunião do G8 sobre o Afeganistão esta semana na Itália.

Seus comentários, um dia depois de o presidente norte-americano, Barack Obama, dizer que estava "estarrecido" e "horrorizado" pela repressão no Irã, mostraram novas evidências de crescente tensão com o Ocidente.

Obama considerou as acusações do Irã, de que os EUA estão se intrometendo em seus assuntos, como "patentemente falsas e absurdas" e a Grã-Bretanha também negou as acusações.

O inesperado levante prejudicou os planos de Obama de envolver a República Islâmica em um diálogo substancial sobre seu programa nuclear, que o Irã diz ser pacífico, mas o Ocidente suspeita que tenha como objetivo a fabricação de bombas atômicas.

Até 20 pessoas foram mortas nos protestos, segundo a TV estatal iraniana em língua inglesa Press TV.

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