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Os líderes civis de oito dos nove departamentos da Bolívia deram ao Governo de Evo Morales 72 horas para que solucione os conflitos que afetam o país, sob a ameaça de iniciar uma paralisação na sexta-feira, e ampliar a greve de fome que já é empreendida por 300 opositores.

O documento com essas resoluções foi assinado na cidade de Cochabamba pelos líderes civis dos departamentos de Santa Cruz, La Paz, Beni, Tarija e Pando, Oruro, Chuquisaca e Cochabamba, que representam 90% do território e da população da Bolívia, informaram à Efe fontes do Comitê Cívico de Santa Cruz.

Os líderes civis, que têm grande poder de mobilização sobre entidades empresariais, acadêmicas e não governamentais, querem que a nova Constituição boliviana, em todas as suas fases, seja aprovada por dois terços da Assembléia Constituinte, como manda a lei em vigor, e não por maioria simples, como deseja o presidente Evo Morales.

O Governo quer aprovar os artigos da nova Carta Magna por meio da maioria simples que possui, sem levar em conta os representantes do resto da Bolívia, atitude que vai contra as determinações da atual Constituição, e a lei de convocação da Assembléia, assinada por Morales em março de 2006.

O partido governante Movimento ao Socialismo (MAS), teve 50,7% dos votos nas eleições para a Constituinte, realizadas em julho.

O documento, assinado em Cochabamba com medidas "de resistência civil", assinala que, a partir de hoje, a greve de fome deve aumentar em todo o país, e que na segunda-feira deve ganhar a adesão dos máximos dirigentes de cada região.

A greve foi iniciada por constituintes e deputados do partido centrista Unidad Nacional (UN), em 15 de novembro.

Os civis pedem "a suspensão dos procedimentos legislativos em curso que geraram conflitos nas regiões, até que a Assembléia Constituinte comece a deliberar o novo texto constitucional com dois terços de votos de seus membros".

Os assuntos mais polêmicos são um projeto oficial de lei de reforma agrária, que prevê a expropriação de terras consideradas improdutivas pelo Executivo, e outro que dá ao Congresso o direito de censurar os governadores eleitos, e ao presidente o poder de destituí-los.

Caso o Executivo não resolva estes problemas, os comitês civis realizarão a greve na sexta-feira.

A exceção será a cidade de Sucre (sul), capital oficial da Bolívia e sede da Assembléia Constituinte, que optará por mobilizações nas ruas, segundo afirmaram os dirigentes dessa região.

Os grupos civis também pedem ao Governo de Morales que respeite os resultados do referendo realizado em julho, quando o "sim" venceu nos departamentos de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija, que querem avançar em seus processos de autonomia.

Eles denunciaram que a sede de sua reunião, a Câmara de Construção de Cochabamba, foi atacada hoje por militantes do MAS, e rejeitaram a suposta pretensão do Executivo de criar movimentos civis paralelos, que apóiem Morales.

Germán Antelo, presidente do Comitê Pró-Santa Cruz - a região mais rica da Bolívia - disse à Efe que Morales "tem 72 horas para tomar uma atitude sensata e racional".

"No entanto, pela experiência, perdemos a fé que adote essa postura", acrescentou.

"Fazer tantas coisas, tanto barulho para que a lei e a Constituição sejam respeitadas parece absurdo, mas esse é o país que temos", disse Antelo, que anunciou que há 200 pessoas em Santa Cruz que "irão aderir progressivamente à greve de fome".

Os dirigentes do departamento de Potosí foram os únicos que não participaram da reunião de Cochabamba, onde os governadores regionais de cinco departamentos também se encontram hoje para avaliar as medidas a serem tomadas contra o Governo.

Entretanto, milhares de indígenas e camponeses favoráveis ao governo chegam hoje a La Paz para exigir que o Senado, controlado pela oposição, não bloqueie o projeto oficial de lei de terras, e para participar de uma manifestação que Morales comandará amanhã.

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