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Manifestante segura cartaz que pede respeito aos direitos civis | ADREES LATIF/REUTERS
Manifestante segura cartaz que pede respeito aos direitos civis| Foto: ADREES LATIF/REUTERS

Nos minutos que precederam a entrada em vigor na noite de terça-feira (28) do toque de recolher em Baltimore, no Estado norte-americano de Maryland, líderes comunitários, moradores e pastores se uniram aos esforços das forças de segurança para tentar evitar a repetição da violência que atingiu a cidade no dia anterior.

“Vão para casa esta noite! Por Favor!”, dizia uma mulher, em um megafone, em um apelo para convencer as pessoas a deixar as ruas.

O deputado federal pelo Estado de Maryland, Elijah Cummings, também foi ao cruzamento entre as avenidas North e Pensilvânia -que se tornou o ponto de encontro de manifestantes- para ajudar. “Precisamos sair daqui”, afirmou.

Os apelos, somados a um reforço de 2 mil membros da Guarda Nacional e mil agentes das tropas estaduais nas ruas, ajudaram a frustrar as preocupações de que a cidade fosse palco de novos saques e ações de vandalismo.

Ao longo da tarde, muitos discutiam o que poderia acontecer quando entrasse em vigor, às 22h locais (23h de Brasília), o toque de recolher imposto pela prefeitura.

“As pessoas estão cansadas de receber ordens. Quando começar o toque de recolher, elas não vão querer sair das ruas, e o clima pode mudar rápido”, disse um morador da região oeste da cidade, que não quis se identificar.

Embora parte dos manifestantes tenha se recusado a deixar as ruas no horário determinado -alguns lançaram garrafas contra os policiais- a limitação imposta pela prefeitura funcionou.

Graças, em grande parte, aos próprios membros da comunidade. Além disso, o policiamento em Baltimore não parecia disposto a entrar em confronto com os manifestantes. Apenas bombas de gás lacrimogêneo foram usadas para dispersar a multidão.

O resultado do esforço conjunto foi evidente: de acordo com dados divulgados pela polícia de Baltimore durante a madrugada, apenas dez pessoas foram presas após as 22h de terça-feira, contra 235 na noite anterior.

Por volta da 1h local, as ruas já estavam praticamente vazias. “O toque de recolher está, de fato, funcionando”, afirmou o comissário de polícia da cidade, Anthony Batts, em coletiva no início da madrugada desta quarta (29). “O mais importante é que os cidadão estão seguros. A cidade está estável.”

Com a cidade mais calma, as escolas municipais reabriram nesta quarta e os moradores tentam retomar, ao menos em parte, sua rotina habitual. Mas o clima de tensão continua, e o toque de recolher se mantém em vigor até a próxima segunda-feira (4).

O time de beisebol de Baltimore, os Orioles, jogará nesta quarta (29) contra os White Sox, de Chicago, em estádio fechado.

TENSÃO RACIAL

Os problemas em Baltimore começaram na segunda (27), após o velório de Freddie Gray, 25, um jovem negro morto no último dia 19 após ser ferido durante sua prisão. Grupos de jovens atearam fogo em 144 veículos e 15 construções -diversas lojas foram saqueadas.

O caso de Gray soma-se a outros episódios de assassinatos de negros por policiais nos EUA nos últimos meses, acirrando a tensão racial.

Em discurso, o presidente Barack Obama reconheceu a “crise” nas interações entre policiais e indivíduos negros e pobres, mas condenou os saques e a violência.

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