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Ditador da Coreia do Norte Kim Jong-un, cumprimenta o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, na zona desmilitarizada da Coreia, em 27 de abril | KOREA SUMMIT PRESS POOL/AFP
Ditador da Coreia do Norte Kim Jong-un, cumprimenta o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, na zona desmilitarizada da Coreia, em 27 de abril| Foto: KOREA SUMMIT PRESS POOL/AFP

O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, devem se reencontrar no mês que vem, na terceira cúpula deste ano entre os líderes dos países. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (13) pelos dois governos. A data não foi revelada, mas o local já está definido: será na capital norte-coreana. Se o encontro realmente ocorrer, será a terceira vez na história que um líder sul-coreano visita Pyongyang para tal compromisso.

O processo de paz entre as Coreias segue firme, apesar dos sinais de um crescente impasse entre Washington e Pyongyang. 

Nas últimas semanas a administração Trump parece ter enfrentado águas um pouco mais turbulentas em suas tentativas de convencer a Coreia do Norte a desnuclearizar, mas na Coreia os dois lados parecem estar fazendo mais progressos em direção a uma aproximação gradual – mesmo que ainda haja um impasse sobre o que a desnuclearização significa para ambos os lados. 

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Ri Son Gwon, líder da delegação norte-coreana e presidente do Comitê para a Reunificação Pacífica do país, disse esperar que a cúpula planejada ajude a dar "respostas concretas" aos problemas que as pessoas enfrentam. 

"É uma história diferente do que a relação entre Coreia do Norte e EUA, que parece ter ficado atolada", diz John Delury, professor assistente da Universidade Yonsei, em Seul. "As duas Coreias estão seguindo um caminho certo que parece mais correto, e o processo melhorou". 

Nem tudo são flores 

Isso não quer dizer que o processo de paz na península coreana seja fácil. 

No domingo, um site norte-coreano culpou a "obediência cega" de Seul às sanções lideradas pelos Estados Unidos pelo que chamou de falta de progresso após o encontro de Moon e Kim na zona desmilitarizada em abril

"Já se passaram mais de 100 dias desde que a Declaração de Panmunjom de 27 de abril foi adotada, mas nenhum fruto ou progresso razoável foi produzido", escreveu o site Uriminzokkiri. “E isso ocorre por causa das sanções americanas e da participação injusta do Sul nelas”. 

Alguns repórteres sul-coreanos também apontaram um descompasso na composição de duas delegações na segunda-feira: a Coreia do Norte levou funcionários responsáveis pelas ferrovias, terra e proteção ambiental e cooperação econômica às conversações, enquanto o lado sul-coreano era formado por funcionários do Ministério da Unificação, Gabinete de Segurança Nacional e Gabinete do Primeiro Ministro. 

Mas se isso pode sugerir prioridades diferentes, as declarações sobre as negociações foram sobre amizade e reaproximação. 

"Em um sentido realista, esta é a maior transformação no relacionamento inter-coreano", disse Ri da Coreia do Norte. "Se estamos nos reunindo para conversar de maneira tão amistosa como agora, significa que a comunicação está funcionando". 

Em uma declaração conjunta, os dois lados disseram que haviam "revisado o progresso da implementação da Declaração Panmunjom e discutido outros métodos para cumprir a Declaração de maneira sincera". 

Os processos de paz 

Em contrapartida, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, parece ter saído de mãos vazias após uma viagem a Pyongyang que se seguiu à cúpula entre o presidente Donald Trump e Kim. A Coreia do Norte culpou sua "mentalidade gangster". 

Na semana passada, o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte também criticou "autoridades de alto escalão" por insistirem que o Norte desista de suas armas nucleares antes que as sanções sejam flexibilizadas e por "tentativas desesperadas de intensificar as sanções e pressões internacionais". 

Essas autoridades, segundo o Ministério das Relações Exteriores, estão "indo contra a intenção do presidente Trump" de promover as relações entre os dois países. 

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Mas enquanto a declaração que se seguiu à reunião de Trump com Kim foi amplamente criticada por ser muito vaga, a Declaração Panmunjom, assinada por Moon e Kim, foi muito mais detalhada, segundo Delury. Os dois lados também têm mais experiência em conversar devido a processos de paz anteriores. 

"As duas Coreias conhecem suas contrapartes", avalia o professor. "Os sul-coreanos já fizeram isso antes, eles não são novos nisso. Quando as coisas começam a dar errado, eles pensam 'ah sim, já passamos isso antes'". 

Delury afirma que esta não é uma crítica a Trump e sua equipe, mas uma maneira de destacar os diferentes problemas e contexto entre os processos de paz paralelos. 

Uma visita de Moon a Pyongyang seria outro golpe de propaganda para a Coreia do Norte, e houve conversas sobre organizá-la antes das comemorações do 70º aniversário da fundação da República Popular Democrática da Coreia, em 9 de setembro. Mas Kim Eui-keum, porta-voz da presidência da Coreia do Sul, disse a repórteres que "o início de setembro parece um pouco difícil". 

Antes das negociações, a mídia sul-coreana informou que Moon também pode pedir que Kim participe da Assembleia-Geral das Nações Unidas em Nova York no final de setembro.

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