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 | Thomas Fuchs
| Foto: Thomas Fuchs

O grupo incomum de líderes empresariais e políticos do Risky Business Project (Projeto Negócio Arriscado) não concorda com muita coisa, mas estão de acordo em uma questão: as mudanças climáticas nas próximas décadas provavelmente vão custar centenas de bilhões de dólares às empresas, e a única escolha é se adaptar.

Alguns defendem o projeto de um imposto de carbono, outros querem que as empresas divulguem seus riscos de alterações climáticas. Um deles sugeriu que o mundo pode ser capaz de viver sem nenhuma regra obrigatória.

O Projeto começou em junho como forma de promover um estudo que havia encomendado, "Risky Business: The Economic Risks of Climate Change in the United States" (Negócio Arriscado: os riscos econômicos da mudança climática nos Estados Unidos). Desde então, o que se viu foi um tíbio grupo de missionários divulgando esparsamente dados de relatórios.

O grupo é liderado por três homens: Tom Steyer, bilionário de fundos hedge, cujo comitê de ação política gastou 73 milhões de dólares no ano passado atacando republicanos que negavam a mudança climática; Henry M. Paulson Jr., ex-diretor executivo do Goldman Sachs e secretário do Tesouro do presidente George W. Bush, e Michael R. Bloomberg, ex-prefeito da cidade de Nova York e fundador bilionário da empresa de informação financeira Bloomberg L.P.

Paulson quer que as empresas de capital aberto adotem, com a supervisão de reguladores, regras de divulgação sobre emissões de carbono e risco climático. Bloomberg encara o trabalho como uma forma de estimular prefeituras e empresas locais a trabalharem juntas em questões climáticas. Steyer vê a pesquisa como uma forma de neutralizar os argumentos dos conservadores, que afirmam que a regulamentação ambiental sempre prejudica os negócios.

"Um lado defende a moralidade e os ursos polares, o outro lado defende os empregos", disse Steyer. "Os ursos polares nunca vão vencer."

A inspiração do projeto veio de um relatório chamado Stern Review, de 2006. Essa análise econômica, patrocinada pelo governo britânico, examinou todos os custos da mudança climática e acabou concluindo que o preço de limitar o aquecimento global era pequeno em comparação aos custos de não se fazer nada.

Em maio de 2014, membros do Risky Business se reuniram nos escritórios da Bloomberg Philanthropies em Manhattan para ouvir as conclusões do estudo que haviam encomendado. Descobriram que, se essa situação persistir, as mudanças climáticas aumentariam a demanda de energia no Texas entre 3,4 e 9,2 por cento até meados deste século. A produção agrícola em Missouri e Illinois enfrentaria um declínio de 15 por cento nos próximos 25 anos. E na região Nordeste americana, danos anuais às propriedades causados por tempestades severas podem aumentar 11,1 bilhões de dólares, chegando a um total de 15,8 bilhões até o final do século.

Quando Paulson fala a grupos locais, faz questão de trazer dados do relatório. "Não é uma conversa abstrata sobre o clima ser um grande risco. Eu digo: 'Vou te falar uma coisa'. Isso é o que vai acontecer com você, sua indústria e sua família. De repente, as pessoas se interessam."

Outro membro do projeto, Henry G. Cisneros, atual incorporador imobiliário e ex-secretário da Habitação e Desenvolvimento Urbano do presidente Bill Clinton, adverte sua audiência que é preciso se programar para os aumentos de prêmios de seguro nos estados costeiros como a Flórida, e para ficar ciente de que, em regiões propensas a seca como o Vale Central da Califórnia, autorizações de água podem ser difíceis de adquirir.

Greg Page, da Cargill, o conglomerado alimentício, é mais sutil quando se dirige a grupos de agricultores. Ele diz que todos foram condicionados a pensar no aquecimento global como um eufemismo liberal para mais regulamentação. "Faço perguntas simples: 'Vocês gostariam que as universidades suspendessem pesquisas sobre sementes resistentes a temperaturas mais altas? Claro que não! É só isso que estou dizendo'.  Quero que as pessoas reconheçam que também estão ansiosas."

Através desse tipo de educação, o grupo espera recrutar líderes empresariais para a luta contra a mudança climática. "O objetivo disso tudo é que ela pode ser atenuada", disse Paulson. "Os inimigos do que estamos tentando fazer são a visão de curto prazo e a sensação de desesperança, mas se agirmos logo poderemos evitar os piores resultados e nos adaptar."

Jon Doggett, da Associação Nacional de Produtores de Milho, não acreditava que o relatório influenciaria muito os agricultores. Os membros da associação precisam de incentivos de curto prazo para cortar gases do efeito estufa — corte imediato de custos, incentivos do governo e assim por diante, ele disse.

Porém, pouco a pouco, o Risky Business Project pretende virar a maré. "Fizemos progressos em coisas como direitos civis, tabagismo, casamento gay e outras que pareciam impossíveis quando os empresários se uniram à maioria silenciosa", disse Cisneros. "O Congresso tende a não agir até que opiniões converjam, incluindo as das empresas."

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