• Carregando...
As Vinhas da Ira, de John Steinbeck (Nobel de 1962), foi considerado perigoso | Divulgação
As Vinhas da Ira, de John Steinbeck (Nobel de 1962), foi considerado perigoso| Foto: Divulgação

Censura

Obra de Paulo Coelho foi banida do Irã

Em 2005, o escritor brasileiro Paulo Coelho, o autor de best sellers em todo o mundo, teve seu romance O Zahir banido no Irã. Cerca de mil cópias foram confiscadas na Feira Anual do Livro de Teerã.

O livro foi proibido mesmo após ter passado pelos procedimentos normais para conseguir uma permissão para que fosse publicado, disse Paulo Coelho na época.

O editor iraniano Arash Hejazi, que publicou o livro de Coelho, fugiu do Irã neste ano durante as manifestações contra o resultados das eleições presidenciais no país.

O Zahir conta a história de um autor abandonado pela esposa, que se torna obcecado pela necessidade de compreender porque ela desapareceu, sem deixar rastros. Coelho explicou que a palavra "zahir" em árabe significa visível, presente e impossível de não ser notado. No romance, o termo se refere à obsessão do autor. O livro foi traduzido para 42 idiomas e foi vendido em mais de cem países.

Da redação com agências

  • O Amante de Lady Chatterley, de D. H. Lawrence, foi proibido em 1928

As Vinhas da Ira, do escritor norte-americano John Stein­beck, ga­­nhador do Prêmio Nobel de Lite­­ratura de 1962, foi tachado de vulgar e pornográfico, um perigoso retrato do ódio de classe. I Know Why the Caged Bird Sings foi retirado das salas de aula e das bibliotecas após sua publicação, em 1969, considerado inapropriado por descrever o estupro sofrido pela autora, Maya Ange­­lou, quando era uma menina de oito anos.Depois houve Matadouro 5, cujas obscenidades, violência e falta de patriotismo na Segunda Guerra Mundial geraram a ira de pais e bibliotecários. O livro é uma obra prima do norte-americano Kurt Vonnegut.Antes silenciados, os livros estavam no início de outubro entre os mais de dez lidos, como parte de uma série de eventos marcando a Semana dos Livros Banidos. A celebração anual é organizada pela Associação de Bibliotecas Americanas (ALA, na sigla em inglês).Emprestando suas vozes – literalmente – à causa, 13 escritores de Vermont, entre eles Ron Powers, David Macaulay e Tom Bodett, uniram-se em uma igreja de uma cidade pequena e leram passagens para uma atenta plateia.

"É uma chance de certo modo de viver uma das minhas fantasias, que é fazer um livro que se torna proibido", afirmou Ma­­caulay, de 62 anos, o autor de The Way Things Work. "Nada me deixaria mais feliz."

Longa data

A censura na literatura não co­­meçou nem terminou com O Amante de Lady Chatterley, do britânico D. H. Lawrence, em 1928.

Banir livros ou censurar autores é uma prática comum desde o início do processo de impressão e mesmo anterior, e continua hoje com ameaças a títulos como O Caçador de Pipas, And Tango Makes Three (história de dois pinguins machos que criam um filhote) e até à série do bruxinho Harry Potter.

Por esse fato, a associação de bibliotecas, unida a escritores, bibliotecas e grupos de direitos civis por todos os Estados Unidos, realiza o evento anual iniciado em 1982.

"Nós estamos certamente notando crescentes esforços para retirar ou restringir livros destinados a jovens adultos", diz Deborah Caldwell-Stone, vice-diretora do escritório para liberdade de imprensa da associação. "Há pais que acreditam que os jovens com menos de 18 anos não deveriam ter acesso a livros que discutem sexo ou o consumo de drogas, ou homossexualidade, e nós entendemos isso", nota.

"Mas o fato de que eles te­­nham essas escolhas e valores não deveria significar que outras famílias e jovens não poderão ter acesso a essas ideias", continua Deborah. "Um pai pode optar por escolhas diferentes para o filho, mas suas escolhas não de­­veriam significar a proibição do acesso a um título para o resto da comunidade."

Em Chicago, a semana foi marcada por um evento de 26 de setembro no qual autores famosos leram seus livros, que chegaram a ser banidos ou amea­çados em alguns locais. Entre os participantes estão Justin Ri­­chardson e Peter Parnell, cujo And Tango Makes Three foi, se­­gundo a ALA, o livro mais contestado de 2008.

Em Denver, a livraria Printed Page Bookshop exibiu 60 volumes banidos e um que não foi censurado, desafiando os clientes a adivinharem qual passou incólume. Em Sedalia, Missouri, a Sedalia Book and Toy planejou uma vitrine para marcar a Se­­mana dos Livros Banidos, além de distribuir desenhos em camisetas e outras lembranças alusivas ao fato.

No evento em Vermont, aproximadamente 120 pessoas foram até a Igreja da Congregação de Norwich em uma noite chuvosa para ouvir Ron Powers, ganhador do prêmio Pulitzer, o poeta Galway Kinnell e outros lendo livros antes proibidos. O grupo aplaudiu de pé a iniciativa ao fim das duas horas de evento.

"Isso não é algo acadêmico, de muitos anos atrás e que não ocorre mais", diz Allen Gilbert, diretor executivo da seção de Ver­­mont da American Civil Liberties Union, copatrocinadora das leituras. "Ameaças a livros ocorrem a todo momento."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]