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O líder da oposição no México sofreu fortes críticas na quarta-feira por atrapalhar a rotina da capital do país com manifestações de protesto contra a suposta fraude eleitoral nas eleições presidenciais. As críticas, no entanto, não abalaram seus defensores, que prometem prosseguir com a campanha.

Milhares de oposicionistas ocuparam a praça Zocalo, uma das maiores do mundo, e a principal avenida da Cidade do México, no terceiro dia seguido de caos na capital.

Andrés Manuel López Obrador lidera os protestos, na tentativa de pressionar as autoridades eleitorais mexicanas a fazer uma recontagem completa dos votos do pleito, realizado há exatamente um mês e vencido por uma margem estreita pelo candidato governista, Felipe Calderón.

Para analistas, a estratégia de recorrer às manifestações populares pode se revelar contraproducente, por irritar os moradores e afastar alguns dos que antes defendiam López Obrador.

O governo do presidente Vicente Fox aumentou a pressão sobre López Obrador e seus defensores na quarta-feira, declarando que os protestos estão afetando a economia da cidade, colocando empregos em perigo e violando a liberdade de movimentação dos moradores.

- A Cidade do México pertence a todos. Todos os que moram aqui merecem ter seus direitos respeitados - disse Ruben Aguilar, porta-voz de Fox.

López Obrador já pediu desculpas pela confusão causada pelo fechamento da elegante avenida Reforma, mas insiste que é um custo pequeno.

- Queremos que eles nos entendam, queremos que entendam que é importante que tenhamos democracia em nosso país. Isso é o que nos permitirá ter harmonia e paz social - disse ele a milhares de partidários na praça Zocalo, na noite de terça-feira.

López Obrador tem uma base leal na Cidade do México, da qual foi prefeito, e entre a população mais pobre.

- Ele ajudou os pobres - disse Rafael Zuniga, 24, que votou em Fox em 2000 mas que agora apóia López Obrador, e que participa da ocupação da avenida.

Ele disse que os moradores trataram mal os manifestantes.

- As pessoas que passam de carro só estão lutando por si mesmas, por seu próprio dinheiro, por seus empregos, não estão preocupadas com mais ninguém - disse ele.

- Se López Obrador é assim como candidato, não quero que ele seja presidente - disse Victor Manuel Luna, chefe da recepção de um hotel no centro da cidade, onde a ocupação despencou desde o início dos protestos, na noite de domingo.

Observadores da União Européia disseram não ter encontrado evidências de fraude na eleição, mas López Obrador diz ter provas de que houve manipulação na apuração.

O tribunal eleitoral tem até 31 de agosto para determinar uma possível recontagem, o que significa que a incerteza política pode se arrastar por pelo menos mais um mês.

O clima de incerteza afetou o mercado financeiro mexicano no início da semana, embora ele tenha se recuperado na quarta-feira. O peso teve valorização de 0,9% e a bolsa estava em alta de 0,8%.

Calderón insiste que ganhou a eleição de forma limpa. Ele vem se mantendo discreto nos últimos dias, tentando obter sem alarde o apoio de políticos da oposição de centro para seus planos de reforma econômica.

O novo presidente assumirá o cargo no dia primeiro de dezembro.

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